segunda-feira, 28 de setembro de 2015

REVOLUÇÃO INDUSTRIAL

 
Por Cristiana Gomes
 
As máquinas foram inventadas, com o propósito de poupar o tempo do trabalho humano. Uma delas era a máquina a vapor que foi construída na Inglaterra durante o século XVIII. Graças a essas máquinas, a produção de mercadorias ficou maior e os lucros também cresceram. Vários empresários; então, começaram a investir nas indústrias.
Ilustração da paisagem inglesa durante a Revolução Industrial. As grandes chaminés expelindo fumaça representava desenvolvimento.
Ilustração da paisagem inglesa durante a Revolução Industrial. As grandes chaminés expelindo fumaça representava desenvolvimento.
Com tanto avanço, as fábricas começaram a se espalhar pela Inglaterra trazendo várias mudanças. Esse período é chamado pelos historiadores de Revolução Industrial e ela começou na Inglaterra.
A burguesia inglesa era muito rica e durante muitos anos continuou ampliando seus negócios de várias maneiras:
  • financiando ataques piratas (corsários)
  • traficando escravos
  • emprestando dinheiro a juros
  • pagando baixos salários aos artesãos que trabalhavam nas manufaturas
  • vencendo guerras
  • comerciando
  • impondo tratados a países mais fracos
Os ingleses davam muita importância ao comércio (quanto mais comércio havia, maior era a concorrência).
Quando se existe comércio, existe concorrência e para acabar com ela, era preciso baixar os preços. Logo, a burguesia inglesa começou a aperfeiçoar suas máquinas e a investir nas indústrias.
Vários camponeses foram trabalhar nas fábricas e formaram uma nova classe social: o proletariado.
O desenvolvimento industrial arruinou os artesãos, pois os produtos eram confeccionados com mais rapidez nas fábricas. A valorização da ciência, a liberdade individual e a crença no progresso incentivaram o homem a inventar máquinas.
O governo inglês dava muita importância à educação e aos estudos científicos e isso também favoreceu as descobertas tecnológicas.
Milhares de trabalhadores das indústrias inglesas.
Milhares de trabalhadores das indústrias inglesas.
Graças à Marinha Inglesa (que era a maior do mundo e estava em quase todos os continentes) a Inglaterra podia vender seus produtos em quase todos os lugares do planeta.
No século XIX a Revolução Industrial chegou até a França e com o desenvolvimento das ferrovias cresceu ainda mais.
Em 1850, chegou até a Alemanha e só no final do século XIX; na Itália e na Rússia, já nos EUA, o desenvolvimento industrial só se deu na segunda metade do século XIX.
No Japão, só nas últimas décadas do século XIX, quando o Estado se ligou à burguesia (o governo emprestava dinheiro para os empresários que quisessem ampliar seus negócios, além de montar e vender indústrias para as famílias ricas), é que a industrialização começou a crescer. O Estado japonês esforçava-se ao máximo para incentivar o desenvolvimento capitalista e industrial.
Adam Smith (pensador escocês) escreveu em 1776 o livro “A Riqueza das Nações”, nessa obra (que é considerada a obra fundadora da ciência econômica), Smith afirma que o individualismo é bom para toda a sociedade.
Para ele, o Estado deveria interferir o mínimo possível na economia. Adam Smith também considerava que as atividades que envolvem o trabalho humano são importantes e que a indústria amplia a divisão do trabalho aumentando a produtividade, ou seja, cada um deve se especializar em uma só tarefa para que o trabalho renda mais.
A Revolução Industrial trouxe riqueza para os burgueses; porém, os trabalhadores viviam na miséria.
Muitas mulheres e crianças faziam o trabalho pesado e ganhavam muito pouco, a jornada de trabalho variava de 14 a 16 horas diárias para as mulheres, e de 10 a 12 horas por dia para as crianças.
Enquanto os burgueses se reuniam em grandes festas para comemorar os lucros, os trabalhadores chegavam à conclusão que teriam que começar a lutar pelos seus direitos.
O chamado Ludismo foi uma das primeiras formas de luta dos trabalhadores. O movimento ludita era formado por grupos de trabalhadores que invadiam as fábricas e quebravam as máquinas.
Os ludistas conseguiram algumas vitórias, por exemplo, alguns patrões não reduziram os salários com medo de uma rebelião.
Além do ludismo , surgiram outras organizações operárias, além dos sindicatos e das greves.
Em 1830, formou-se na Inglaterra o movimento cartista. Os cartistas redigiram um documento chamado “Carta do Povo” e o enviaram ao parlamento inglês. A principal reivindicação era o direito do voto para todos os homens (sufrágio universal masculino), mas somente em 1867 esse direito foi conquistado.
Thomas Malthus foi um economista inglês que afirmava que o crescimento da população era culpa dos pobres que tinham muitos filhos e não tinham como alimentá-los. Para ele, as catástrofes naturais e as causadas pelos homens tinham o papel de reduzir a população, equilibrando, assim, a quantidade de pessoas e a de comida.
Além disso, Malthus criticava a distribuição de renda. O seu raciocínio era muito simples: os responsáveis pelo desenvolvimento cultural eram os ricos e cobrar impostos deles para ajudar os pobres era errado, afinal de contas era a classe rica que patrocinava a cultura.
O Parlamento inglês (que aparentemente pensava como Malthus) adotou, em 1834, uma lei que abolia qualquer tipo de ajuda do governo aos pobres. A desculpa usada foi a que ajudando os pobres, a preguiça seria estimulada. O desamparo serviria como um estímulo para que eles procurassem emprego.
A revolução Industrial mudou a vida da humanidade.
A vida nas cidades se tornou mais importante que a vida no campo e isso trouxe muitas consequências: nas cidades os habitantes e trabalhadores moravam em condições precárias e conviviam diariamente com a falta de higiene, isso sem contar com o constante medo do desemprego e da miséria.
Por um outro lado, a Revolução Industrial estimulou os pesquisadores, engenheiros e inventores a aperfeiçoar a indústria. Isso fez com que surgisse novas tecnologias: locomotivas a vapor, barcos a vapor, telégrafo e a fotografia.
Leia mais sobre as Consequências da Revolução Industrial.
Ilustrações:
https://www.mtholyoke.edu/courses/rschwart/ind_rev/images/indust.html.htm
http://www.yamacanyons.net/WestCivIndRevCh19.html

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Formas de resistência no Brasil


O Tráfico Negreiro
A partir da segunda metade do século XVI, começaram a ser trazidos para a América os africanos como escravos em número expressivo para a exploração sistemática de sua mão-de-obra.

Escravos à venda no mercado do Valongo, junto ao porto do Rio de Janeiro. Gravura de W. Read, século XIX.



A opção pelo africano se deu por algumas supostas vantagens: maior resistência física às epidemias e maiores conhecimentos em trabalhos artesanais e agrícolas. A opção pelo escravo africano se deu também porque o tráfico dava lucros, era uma das atividades mais lucrativas do sistema colonial. Para facilitar, nem o Estado nem a igreja católica condenavam a imposição da escravidão aos africanos.



Porão de Navio Negreiro. Gravura de Rugendas, 1835.

Os portugueses transportavam os escravos em suas caravelas vindas da África. Os holandeses também realizavam o tráfico de escravos para o Brasil. O número de escravos embarcados dependia da capacidade da embarcação. Nas caravelas, os portugueses transportavam até 500 cativos. Um pequeno navio podia transportar até 200 escravos, um navio grande até 700.

A bordo, todos os escravos eram marcados a ferro no ombro ou na coxa. Embarcados, os cativos são acorrentados até que se perca de vista a costa da África. Os navios negreiros embarcavam mais homens do que mulheres. O número de crianças era inferior, de 3% a 6% dos embarcados.


Angola (África Centro-Ocidental) e a Costa da Mina (todo o litoral do Golfo da Guiné) eram até o século XVIII os principais fornecedores de escravos ao Brasil. Os principais grupos étnicos africanos trazidos ao Brasil foram os bantos, oriundos de Angola, Golfo da Guiné e Congo; os sudaneses, originários do Golfo da Guiné e do Sudão; e os maleses, sudaneses islamizados.




As rotas do tráfico de Escravos africanos para as Américas e Brasil.

Durante o século XVI e o XVII, os escravos eram trazidos principalmente ao Nordeste para a atividade açucareira, sobretudo, para fazendas na Bahia e em Pernambuco. Em menor número eram enviados ao Pará, Maranhão e Rio de Janeiro. No final do século XVII, a descoberta do ouro na província de Minas Gerais eleva o volume do tráfico, que passa a levar os cativos para a região das minas. No século XVIII, o ouro sucede o açúcar na demanda de escravos, o café substitui o ouro e o açúcar no século XIX.


Entre a segunda metade do século XVI e 1850, data do fim do tráfico negreiro (Lei Eusébio de Queiroz), o número de escravos vindos para o Brasil é estimado entre 3 500 000 e 3 900 000. O Brasil teria importado 38% dos escravos trazidos da África para o Novo Mundo.


Os escravos a bordo estavam sujeitos a todos os riscos. Sua alimentação era escassa. Não fazia exercícios físicos durante a viagem. A higiene a bordo era muito medíocre. Havia ainda os maus-tratos a bordo e a superlotação dos porões insalubres e infectos.


Trinta e cinco dias durava a viagem de Angola a Pernambuco, quarenta até a Bahia, cinqüenta até o Rio de Janeiro. A mortalidade era alta a bordo. 20% dos escravos morriam durante essa longa viagem.


A partir da década de 1840, a Inglaterra começa a sua guerra contra o tráfico de escravos para o Novo Mundo, alegando razões humanitárias, mas na verdade com a finalidade de ampliar o mercado consumidor de seus produtos industrializados. É aprovada na Inglaterra a lei conhecida como Bill Aberdeen, que dava direito a Marinha de Guerra britânica de prender navios negreiros no Atlântico e julgar seus tripulantes.


Sob pressão inglesa, o governo imperial brasileiro promulga a 4 de setembro de 1850, a lei Eusébio de Queiroz, que extinguia o tráfico de africanos para o Brasil. Com a ilegalidade do tráfico, a alternativa foi a intensificação do tráfico inter-regional e interprovincial de escravos. Assim, no século XIX, os cativos vinham principalmente das províncias do Norte e Nordeste para suprir as necessidades de mão-de-obra do Sudeste cafeeiro.





Ser escravo no Brasil
A característica mais marcante da escravidão é o fato do escravo ser propriedade de outro ser humano. O escravo é uma “propriedade viva”, sujeita ao senhor a quem pertence. Nesta situação, o escravo é uma coisa, um “bem” objeto.


Sendo um bem objeto ou coisa do senhor, ou seja, sua propriedade, o escravo se tornava mercadoria de todos os tipos de transações nas relações mercantis. Assim, pelo direito de propriedade, o senhor podia vender seus escravos, alugá-los, emprestá-los, doá-los, transmiti-los por herança ou legado, penhorá-los, hipotecá-los, exercendo, enfim, todos os direitos legítimos de dono e proprietário.


Assim, o senhor tinha o direito de utilizar a força de trabalho do escravo pelo modo que lhe conviesse, de modo a conseguir dele o maior proveito possível, assegurando em troca a subsistência necessária para sua manutenção.


Equiparando-se às coisas e propriedade de outra pessoa, o escravo não era cidadão, sendo privado de quaisquer direitos civis. O escravo podia constituir família, mas continuava marido, mulher e filhos propriedade do senhor, que não podia, no entanto, separar os cônjuges e os filhos menores de 15 anos.




Texto e Contexto

“Os escravos são as mãos e os pés do senhor de engenho, porque sem eles no Brasil não é possível fazer, conservar e aumentar fazenda.”
(Do jesuíta italiano André João Antonil, Cultura e opulência do Brasil, 1711.)



A escravidão no Brasil estava voltada, sobretudo, para as atividades agrárias. A força de trabalho escrava destinava-se aos estabelecimentos agrícolas nas regiões rurais onde residiam, habitando em senzalas. O escravo rural assenzalado foi predominante no Brasil.


Na economia canavieira, a maioria dos escravos trabalhava em todo o processo de produção, na lavoura e na produção do açúcar. No engenho, onde se fabricava o açúcar, trabalhavam na moenda, na casa das caldeiras e na casa de purgar. Além do setor da produção de açúcar, foi empregado também na agricultura de abastecimento interno, na criação de gado e nas pequenas manufaturas. Trabalhavam muito, de quatorze a dezesseis horas.


Escravos na moenda de açúcar. Gravura de Jean Baptiste Debret, 1835.

Nas cidades, a sorte para o escravo parece ter sido menos dura, e o seu emprego se diversificava. Nas ruas, alguns possuíam liberdade de locomoção, o que era negado a todos os escravos rurais. Podiam até, mediante negociação com seu senhor, residir em domicílio separado.

Nas cidades, eram os escravos que se encarregavam do transporte de objetos, dejetos e pessoas, além de serem responsáveis por uma considerável parcela da distribuição do alimento que abastecia pequenos e grandes centros urbanos.


Alguns trabalhavam na residência do senhor, a serviço da família em serviços domésticos. Nas cidades, mestres artesãos utilizavam também escravos treinados em trabalhos artesanais, por isso tais escravos eram geralmente mais caros.


Havia ainda aqueles escravos que trabalhavam nas ruas, prestando serviços, realizando trabalhos manuais ou vendendo artigos, alimentos, etc. Até o século XIX, nos portos das cidades, os escravos organizados em grupos de dez ou vinte eram muito utilizados nas atividades de manuseio e transporte de carga.


Escravos vendedores ambulantes e quitandeiros, sobretudo mulheres, povoavam as ruas de Recife, Salvador, Ouro Preto, Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre e outras cidades. No Brasil, esses escravos eram chamados de escravos de ganho, que percorriam as ruas das cidades atrás de ocupação para prover as necessidades de seu senhor e suas próprias. Estes escravos entregavam uma renda fixa por dia para seu senhor, fruto de seu trabalho, e o restante podiam guardar consigo. Os escravos podiam possuir bens móveis e dinheiro. A renda adquirida podia ser utilizada para a compra da alforria (a liberdade) pelo escravo, a chamada manumissão. Esta podia ser comprada ou doada do senhor, se está fosse sua vontade, ou seja, a liberdade através da manumissão era um ato que dependia da boa vontade do senhor, salvo em alguns casos determinados por lei.




Escravos de ganho no Rio de Janeiro, 1860.


Castigos e violência
Uma das características do regime escravocrata é o que confere ao senhor o direito privado de castigar fisicamente o escravo. A exploração da força de trabalho escrava requeria necessariamente mecanismos de coerção que garantissem a continuidade do trabalho. A relação entre senhor e escravo era, assim, marcada pela violência. Do ponto de vista da escravidão, o castigo do escravo era necessário e justo.


Texto e Contexto
“É lamentável, em todo caso, a sorte desses negros. Eles sabem que são espoliados e isso deve tornar-lhes ainda mais amargos os espancamentos e outros maus tratos que sofrem. Também é preciso ter em mente que muitos negros deixam de trabalhar bem se não foram convenientemente espancados. E se desprezássemos a primeira iniqüidade a que os sujeitam, isto é, sua introdução e submissão forçada, teríamos de considerar em grande parte merecidos os castigos que lhes impõem os seus senhores.”
(Do colono suíço Thomas Davatz, sobre o castigo sofrido pelos escravos no século XIX. DAVATZ, Thomas. Memórias de um Colono no Brasil. 2ª Ed. São Paulo: Livraria Martins Ed., 1951. pp. 62-63)

O sistema escravocrata possuía os mais bárbaros instrumentos de tortura como forma de manter, pelo terror, a dominação sobre os negros. A palmatória foi instrumento de castigo aplicado nas casas-grandes e senzalas, em escravos, assim como nas crianças, sendo um método pedagógico utilizado para moldar comportamentos e hábitos.





Escravo no pelourinho sendo açoitado. Gravura de Debret, 1835.

O açoite era a pena aplicada ao escravo, usava-se para isso do “bacalhau”, chicote feito com cabo de madeira e de cinco tiras de couro retorcidos ou com nós. Nas fazendas era utilizado para punir pequenas faltas ou acelerar o ritmo de trabalho, com algumas lambadas. Nos casos de delitos graves, o castigo era exemplar, sendo assistido pelos demais escravos. Era comum a surra-de-carro, no qual ficava o negro amarrado em um carro de boi, de bruços e braços abertos para receber as chicotadas.



Escravos no tronco. Debret, 1835.
As execuções oficiais eram feitas em praça pública, no pelourinho – coluna de pedra com argolas onde eram presos os escravos. Procurava-se fazer da punição um exemplo que intimidasse a escravaria.




O tronco. Acervo do Museu Imperial, Rio de Janeiro.

O tronco foi outro instrumento e tortura, consistia num grande retângulo de madeira dividido em duas partes entre as quais havia buracos destinados a prender a cabeça, os pulsos e os tornozelos do escravo. Preso, o escravo permanecia imóvel, indefeso aos ataques de insetos e ratos, em contato com sua urina e fezes, isolado num barracão, até o seu senhor resolver soltá-lo.

A mascara de flandres era usada para punição de furto de alimentos, alcoolismo, ingestão de terra, e, na mineração de diamantes, para impedir que os negros extraviassem as pedras, engolindo-as. A mascara podia cobrir todo o rosto ou apenas a boca, sendo fechada a cadeados por trás da cabeça.



Escravo com mascara de flandres. Debret, 1835.
Usados para prender, transportar, maltratar ou sujeitar os escravos, os instrumentos de ferro faziam parte do patrimônio das fazendas e das casas. Eram correntes, algemas, cadeados, grilhões, colares, tudo para garantir a submissão dos negros escravos pela tortura e degradação.



Os instrumentos de ferro de “castigos e penitências” usados para punir e submeter os escravos: algemas, palmatórias, gargalheiras (espécie de coleira presa ao pescoço do cativo), etc. Acervo do Museu Histórico Nacional, Rio de Janeiro.


Texto e Contexto
“Ver que os senhores têm cuidado de dar alguma coisa dos sobejos da mesa aos seus filhos pequenos, é causa de que os escravos os sirvam de boa vontade, e que se alegrem de lhes multiplicarem servos e servas. Pelo contrário, algumas escravas procuram de propósito aborto, para que não cheguem os filhos de suas entranhas a padecer o que elas padecem.”
(De André João Antonil. Cultura e opulência do Brasil, 1711.)




Rebeldia e Resistência negra no Brasil
A violência legal e sistematicamente utilizada pelo branco como meio de submeter o escravo, gerava o medo, mas também a revolta e formas de resistência por parte dos escravos submetidos a tais castigos cruéis. A reação do escravo assumiu várias formas.


O aborto foi freqüentemente provocado pelas escravas para não verem seus filhos na mesma situação degradante delas e também como meio de prejudicar o senhor, sempre interessado no aumento do número de crias.


Texto e Contexto
“O homem, porém, por mais abatido e rebaixado que seja em sua dignidade, em sua vontade e liberdade, pela prepotência de seu semelhante, tende sempre a sacudir o jugo. O livre promove as revoluções, transforma a sociedade, modifica a organização social. O escravo revolta-se parcialmente contra os senhores...”
(Perdigão Malheiro, A escravidão no Brasil, 1867.)


A reação pelo suicídio era uma forma do escravo em se libertar das condições subumanas em que vivia. O suicídio estava geralmente ligado a um momento de medo ou impasse em que o escravo se via indefeso diante da repressão do branco, sendo comum escravos se matarem após terem agredido ou matado um branco.


A rebeldia consistia a resposta do negro à violência do sistema escravista. Rebeldia está também respondida com violência pelos escravos. Eram comuns os casos em que feitores, senhores e seus familiares são estrangulados, asfixiados, esfaqueados ou simplesmente mortos a pancada pelos escravos.


O ódio do escravo era pelo senhor e pelo feitor, mas também por suas famílias, pois era um modo indireto de atingi-los. A freqüência de ataques e homicídios cometidos por escravos levou muitas vezes o governo brasileiro a promulgar leis duras, inclusive a pena de morte.




Texto e Contexto
“Serão punidos com pena de morte os escravos ou escravas, que matarem por qualquer maneira que seja, propinarem veneno, ferirem gravemente ou fizerem qualquer outra grave ofensa física, a seu senhor, a sua mulher, a descendentes ou ascendentes que em sua companhia morar, a administrador, feitor, e as suas mulheres que com eles viverem. Se o ferimento ou ofensa física forem leves, a pena será de açoites, a proporção das circunstâncias , mais ou menos agravantes.”
(Artigo 1°, da lei de 10 de junho de 1835, Governo Regencial.)




Escravos matam senhor. Desenho do século XIX, de Arago.



Os quilombos como espaço de resistência e liberdadeA forma de resistência escrava mais temida pelos senhores era a fuga seguida da formação de aldeamentos coletivos, os quilombos. A fuga era para o escravo a solução mais simples contra a violência da dominação branca. O trabalho compulsório e excessivo, as precárias condições de subsistência, a degradação e o controle constante a que estavam submetidos predispunham os escravos a evasão, facilitada pela grande extensão de terras sem ocupação efetiva no país.



Texto e Contexto
“Fugiu no dia 29 de junho passado uma preta de nação mina, ladina, bem falante, com os sinais seguintes: alta, magra, proporcionada, bonita, bem feita, e com bons dentes, levou camisa de algodão americano, vestido de riscadinho escuro, um lenço no pescoço e outro amarrado na cabeça, à maneira das pretas da Bahia, e um pano de riscado a costa com que se costuma embrulhar; ela anda pela cidade porque foi encontrada na rua do Ouvidor e no largo do Capim em companhia de uma outra preta mina que vende galinhas no largo do Capim e tem casa no Valongo, onde mora.”
(Diário do Rio de Janeiro, 16/07/1836.)

Muitos fugitivos iam para a cidade, onde eram empregados por outros senhores em serviços esporádicos, como se fossem escravos forros. O pequeno comércio ambulante era uma atividade que empregava esses escravos fugidos. Outros escravos fugidos eram capturados ou convencidos por outros negros para viverem em quilombos.

Anuncio da Fuga do escravo Fortunato. Rio de Janeiro, 18 de outubro de 1854.


Erguidos nas matas ou em áreas de difícil acesso que oferecessem segurança e meios naturais de sobrevivência, os quilombos eram o grande refúgio dos escravos que conseguiam escapar da opressão. Os quilombos também abrigavam negros forros, índios, mulatos e caboclos.




Texto e Contexto
“Os escravos pretos lá, Quando dão com maus senhores, Fogem, são salteadores, e Nossos contrários são. Entranham-se pelos matos, E como criam e plantam, Divertem-se, brincam e cantam, De nada têm precisão.
Vêm de noite aos arraiais, E com indústrias e tretas, Seduzem algumas pretas, Com promessas de casar. Eis que a notícia se espalha, Do crime e do desacato, Caem-lhe os capitães-do-mato, E destroem tudo enfim.”
(De Joaquim José Lisboa, 1806; In: REIS, João J; GOMES, Flavio. Liberdade por um fio – história dos quilombos no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1996. p. 164-65.)



Os quilombos surgiram e cresceram em desafio aberto à sociedade e à autoridade colonial. Para enfrentar a repressão, os escravos aquilombados precisaram recorrer à violência e à luta armada. Os negros dos quilombos faziam freqüentemente incursões para prover, através do roubo ou escambo, suas necessidades de alimentos, utensílios, armas e também para conseguir, pelo rapto ou persuasão, mais negros para o quilombo. Outros buscavam desenvolver até mesmo relações com as povoações próximas, estabelecendo com elas um comércio regular com troca de alimentos, animais e lenha por tecidos, utensílios e ferramentas.


No século XVII, a desorganização da colônia portuguesa no Brasil causada pelas invasões holandesas no Nordeste canavieiro facilitou as fugas dos negros, intensificadas a partir de 1630. O quilombo era a melhor alternativa de defesa e sobrevivência do negro escravo fugido.

Os quilombos surgiram em todas as áreas do território português. Em Minas Gerais era grande a concentração de quilombos no Alto São Francisco, o mais famoso dele chamava-se Ambrósio. No século XIX, no Rio de Janeiro, o mais conhecido quilombo foi o liderado pelo escravo Manoel Congo, em Vassouras. Na região norte, no Grão-Pará, os quilombos surgiram sobretudo a partir do século XVIII, espalhando-se pelo baixo amazonas (atual região de Oriximiná, Óbidos, Alenquer), no Tocantins, na Ilha do Marajó e, principalmente, a leste da capital Belém.



O Quilombo dos Palmares.

Entre todos os quilombos do período colonial, os maiores e mais afamados foram os da região de Palmares, no sul da capitania de Pernambuco (hoje, norte de Alagoas). O quilombo de Palmares surgiu por voltada de 1602. Em seus vários mocambos (aldeamentos), espalhados por uma área de 150 km, chegaram a reunir, segundo estimativas, mais de vinte mil pessoas.

No quilombo, os negros africanos procuraram se organizar de acordo com antigas regras tribais baseadas na autoridade local do chefe de cada um dos mocambos. Esses chefes estavam submetidos a Ganga-Zumba, em cujo mocambo se reuniam. Com a morte Ganga-Zumba, assumiu o poder em Palmares seu sobrinho, Zumbi.

Zumbi, líder negro de Palmares. Tela de Antônio Parreiras, Museu Antônio Parreiras, Niterói, RJ.

Tanto por pressão dos senhores de terra preocupados em recuperar seus escravos, quanto por interesse das autoridades, o quilombo de Palmares foi destruído em 1694 pelas tropas do pernambucano Bernardo Vieira de Melo e do bandeirante paulista Domingos Jorge Velho, após quase um século de guerras.

Os quilombos tornaram-se o símbolo de uma resistência ameaçadora para os grupos dominantes do Brasil e alvo permanente da repressão oficial, dando origem inclusive a leis violentas.




Texto e Contexto
“Eu El-Rei faço saber aos que este Alvará em forma de lei virem, que sendo-me presente, os insultos que no Brasil cometem os escravos fugidos, a que vulgarmente chama de calhambolas, passando a fazer o excesso de se juntar em quilombos... hei por bem que a todos os negros, que forem achados em quilombos, estando neles vulgarmente, se lhes ponha uma marca em uma espádua com a letra F... se quando se for executar esta pena for achado já com a mesma marca se lhe cortará uma orelha; tudo por simples mandado do Juiz de Fora... sem processo algum...”
(Alvará de 03 de março de 1741.)



Texto Complementar



Tráfico Negreiro
Quando a escravatura trazida de muitas partes aos portos marítimos da África, aí é segunda vez permutada por fazenda e gêneros a comerciantes que ali têm casa de negócio assentada para este fim.


Nesta situação, a economia se conserva por semanas, e por meses a escravatura, e é grande a quantidade que dela morre; de sorte que, descendo a Luanda em cada ano de dez a doze mil escravos, muitas vezes sucede que só chegam a ser transportados de seis a sete mil para o Brasil.


Em primeiro lugar, sendo metidos duzentos e trezentos escravos na coberta e na escotilha, lhes falta a respiração, porque nada mais tem por onde o ar se lhes possa comunicar, senão pela grade da escotilha, e por umas pequenas frestas.


Em segundo lugar, a escravatura embarcada tem curtíssima ração de água, e esta amornada pela ardência do clima.


Em terceiro lugar, são maltratados os escravos porque tem uma escassa ração de mantimentos pela maior parte de torna-viajem.
(Luís Antônio de Oliveira Mendes. Memória a respeito dos escravos e tráfico da escravatura entre a Costa d’África e o Brasil, 1793. In: INÁCIO, Inês; LUCCA, Tânia Regina de. Documentos do Brasil Colonial. São Paulo: Ática, 1993. pp. 70-73.)


Herança Cultural Negra e Racismo

A contribuição cultural de escravos-negros é enorme. Na religião, música, dança, alimentação, língua, temos a influência negra, apesar da repressão que sofreram as suas manifestações culturais mais cotidianas.




Influência religiosa

No campo religioso, a contribuição negra é inestimável, principalmente porque os africanos, ao invés de se isolarem, aprenderam a conviver com outros setores da sociedade.


Mas, nos primeiros séculos de sua existência no Brasil, os africanos não tiveram liberdade para praticar os seus cultos religiosos. No período colonial, a religião negra era vista como arte do Diabo; no Brasil-Império, como desordem pública e atentado contra a civilização.


A tolerância com os batuques religiosos, entretanto, devia-se à conveniência política: era mantida mais como um antídoto à ameaça que a sua proibição representava, do que por aceitação das diferenças culturais.


Outras manifestações culturais negras também foram alvo da repressão. Estão neste caso o samba, revira, capoeira e lundú negros.





O racismo

Na sociedade brasileira do século XIX, havia um ambiente favorável ao preconceito racial, dificultando enormemente a integração do negro. De fato, no Brasil republicano predominava o ideal de uma sociedade civilizada, que tinha como modelo a cultura européia, onde não havia a participação senão da raça branca. Este ideal, portanto, contribuía para a existência de um sentimento contrário aos negros, pardos, mestiços ou crioulos, sentimento este que se manifestava de várias formas: pela repressão às suas atividades culturais, pela restrição de acesso a certas profissões, as “profissões de branco” (profissionais liberais, por exemplo), também pela restrição de acesso a logradouros públicos, à moradia em áreas de brancos, à participação política, e muitas outras formas de rejeição ao negro.

Contra o preconceito e em defesa dos direitos civis e políticos da população afro-brasileira surgiram jornais, como A Voz da Raça, O Clarim da Alvorada; clubes sociais negros e, em especial, a Frente Negra Brasileira, que tendo sido criada em 1931, foi fechada em 1937 pelo Estado Novo.



O samba e a capoeira

Durante o período da revolução de 30, os próprios núcleos de cultura negra se movimentaram para ganhar espaço. A criação das escolas de samba no final dos anos vinte já representara um passo importante nessa direção. Elas, que durante a República Velha foram sistematicamente afastadas de participação do desfile oficial do carnaval carioca, dominado pelas grandes sociedades carnavalescas, terminaram sendo plenamente aceitas posteriormente.


No rastro do samba, a capoeira e as religiões afro-brasileiras também ganharam terreno. Antes considerada atividade de marginais, a capoeira seria alçada a autêntico esporte nacional, para o que muito contribuiu a atuação do baiano Mestre Bimba, criador da chamada capoeira regional. Tal como os sambistas alojaram o samba em “escolas”, Bimba abrigaria a capoeira em “academias”, que aos poucos passaram a ser freqüentadas pelos filhos da classe média baiana, inclusive muitos estudantes universitários.

Ouro no Brasil

Ciclo do Ouro

História do século do ouro, descoberta das minas, crescimento urbano, mudança da capital, taxas e impostos, quinto e derrama, revoltas populares

 

Introdução

No final do século XVII, as exportações de açúcar brasileiro (produzido nos engenhos do nordeste) começaram a diminuir. Isto ocorreu, pois a Holanda havia começado a produzir este produto nas ilhas da América Central. Com preços mais baixos e boa qualidade, o mercado consumidor europeu passou a dar preferência para o açúcar holandês.

Crise do açúcar e a descoberta das minas de ouro 

Esta crise no mercado de açúcar brasileiro, colocou Portugal numa situação de buscar novas fontes de renda, pois, como sabemos, os portugueses lucravam muito com taxas e impostos cobrados no Brasil. Foi neste contexto que os bandeirantes, no final do século XVII, começaram a encontrar minas de ouro em Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso. Portugal viu nesta atividade uma nova fonte de renda.

A descoberta de ouro no Brasil provocou uma verdadeira “corrida do ouro”, durante todo século XVIII (auge do ciclo do ouro). Brasileiros de todas as partes, e até mesmo portugueses, passaram a migrar para as regiões auríferas, buscando o enriquecimento rápido. Doce ilusão, pois a exploração de minas de ouro dependia de altos investimentos em mão-de-obra (escravos africanos), equipamentos e compra de terrenos. Somente os grandes proprietários rurais e grandes comerciantes conseguiram investir neste lucrativo mercado.

Cobrança de impostos 

A coroa portuguesa lucrava com a cobrança de taxas e impostos. Quem encontrava ouro na colônia deveria pagar o quinto. Este imposto era cobrado nas Casas de Fundição (órgão do governo português), que derretia o ouro, transformava-o em barras (com o selo da coroa portuguesa) e retirava 20% (um quinto) para ser enviado para Portugal. Este era o procedimento legal e exigido pela coroa portuguesa, porém, muitos sonegavam mesmo correndo riscos de prisão ou outras punições mais sérias como, por exemplo, o degredo.

Além do quinto, Portugal cobrava de cada região aurífera uma certa quantidade de ouro (aproximadamente 1000 kg anuais). Quando esta taxa não era paga, havia a execução da derrama. Neste caso, soldados entravam nas residências e retiravam os bens dos moradores até completar o valor devido. Esta cobrança gerou muito revolta entre a população.

Mudança da capital 

Com a exploração do ouro, a região Sudeste desenvolveu-se muito, enquanto o Nordeste começou a entrar em crise. Neste contexto, a coroa portuguesa resolveu mudar a capital da colônia de Salvador para o Rio de Janeiro. Desta forma, pretendia deixar a capital próxima ao novo pólo de desenvolvimento econômico.

Desenvolvimento das cidades

Nas regiões auríferas, várias cidades cresceram e muitas surgiram neste período. A vida nas cidades dinamizou-se, fazendo surgir novas profissões e aumentando as atividades comerciais, sociais e de trabalho. Teatros, escolas, igrejas e órgãos públicos foram criados nestas cidades. Vila Rica (atual Ouro Preto), Mariana, Tiradentes e São João Del Rei foram algumas das cidades que mais se desenvolveram nesta época.



Vila Rica (atual Ouro Preto): desenvolvimento no século do ouro.






Revoltas 

As cobranças excessivas de impostos, as punições e a fiscalização da coroa portuguesa provocaram reações na população. Várias revoltas ocorreram neste período. Podemos citar a Revolta de Felipe de Santos, que era contrário ao funcionamento das Casas de Fundição. A própria Inconfidência Mineira (1789) surgiu da insatisfação com as atitudes da metrópole. Liderados por Tiradentes, os inconfidentes planejavam tornar o Brasil independente de Portugal, livrando o país do controle metropolitano. Apesar de ter sido sufocada, a Inconfidência Mineira tornou-se o símbolo da resistência brasileira.

 

quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Revolta de Beckman - resumo, causas, o que foi, líderes.

O que foi

A Revolta de Beckman foi uma rebelião nativista ocorrida na cidade de São Luís (estado do Maranhão) em 1684.

Causas

Grande insatisfação dos comerciantes, proprietários rurais e população em geral com a Companhia de Comércio do Maranhão, instituída pela coroa portuguesa em 1682. 

Os comerciantes reclamavam do monopólio da Companhia.

Os proprietários rurais contestavam os preços pelos quais a Companhia pagava por seus produtos.

Já grande parte da população maranhense estava insatisfeita com a baixa qualidade e altos preços cobrados pelos produtos manufaturados comercializados pela Companhia na região. Outros produtos como trigo, bacalhau e vinho chegavam à região em quantidade insuficiente, demoravam para chegar e ainda vinham em péssimas condições para o consumo.

Havia também o problema de falta de mão-de-obra escrava na região. Os escravos fornecidos pela Companhia eram insuficientes para as necessidades dos proprietários rurais. Uma solução seria a escravização de indígenas, porém os jesuítas eram contrários. 

Objetivo principal:

Finalizar as atividades da Companhia de Comércio do Maranhão, para acabar com o monopólio.

Como ocorreu

Na noite de 24 de fevereiro de 1684, os irmãos Manuel e Tomás Beckman, dois proprietários rurais da região, com o apoio de comerciantes, invadiram e saquearam um depósito da Companhia de Comércio do Maranhão. Os revoltosos também expulsaram os jesuítas da região e tiraram do poder o governador.

Reação de Portugal

A corte portuguesa enviou ao Maranhão um novo governador para acabar com a revolta e colocar ordem na região.
Os revoltosos foram presos e julgados. Os irmãos Beckman e Jorge Sampaio foram condenados a forca.

Conclusão

A Revolta de Beckman foi mais um movimento nativista que mostra os conflitos de interesses entre os colonos e a metrópole. Foi uma revolta que mostrou os problemas de mão-de-obra e abastecimento na região do Maranhão. As ações da coroa portuguesa, que claramente favoreciam Portugal e prejudicava os interesses dos brasileiros, foram, muitas vezes, motivos de reações violentas dos colonos. Geralmente eram reprimidas com violência, pois a coroa não abria mão da ordem e obediência em sua principal colônia.

Colonização do Maranhão

Apesar do espanhóis terem sido os primeiros a chegar na região onde se localizou a Capitania do Maranhão, era à Portugal que cabia o direito de exploração das terras conforme acordado no Tratado de Tordesilhas. As terras que era de direito aos lusitanos foi divididas em 14 capitanias .As capitanias  eram enormes lotes de terra doados aos nobres, que foram chamados de capitães donatários, que seriam os responsáveis por colonizar a área. Essa foi a maneira mais fácil encontrada pelos lusitanos para administrar totalmente as terras e investir poucos recursos já que os donatários deveriam governar em nome da coroa mas, usar recursos próprios.Capitania do Maranhão foi divida em duas seções, a primeira estava localizada no extremo leste da ilha de Marajó (PA) à foz do rio Gurupi (PA/MA) cedida aos donatários João de Barros e Aires da Cunha, a segunda seção situava-se à foz do rio Gurupi (PA/MA) a parnaíba (PI) e era cuidada por Fernão Alvares da Cunha.
Portugal sempre  se preocupou em proteger seus territórios, porém apesar da partilhas das capitanias, ainda não tinha iniciado o processo de colonização na capitanias do maranhão. Nessa época o estado ainda tinha muita dificuldade com a vigilância das áreas próximas a fronteira e devido a isso, o maranhão estava sempre sendo alvo de investidas estrangeiras principalmente da França que era contra o Tratado de Tordesilhas.Os franceses ganhavam a confiança do indígenas nativos da região para obter apoio nos ataques a capitanias, e os portugueses tentavam agir da mesma maneira, estabelecendo alianças no meio indígena principalmente os que fossem inimigos dos aliados franceses.
Em 1612 essas investidas e ataques se intensificaram e ficaram conhecidos como Batalha de Guaxenduba ou “Jornada Milagrosa”, e em 1615 os portugueses junto com os indígenas aliados comandados por Jeronimo de Albuquerque expulsam efetivamente os franceses do território português marcando o inicio da colonização portuguesa no Maranhão.


Origem do nome Maranhão
Não há só uma hipótese para a origem do nome do Estado do Maranhão. A teoria mais aceita é que Maranhão era o nome dado ao Rio Amazonas pelos nativos da região antes dos navegantes europeus chegarem ou que tenha algum relação com o Rio Marañon no Peru. Mas há outros possíveis significados como: grande mentira ou mexerico. Outra hipótese seria pelo fato do Estado conter um emaranhado de rios. Também pode significa mar grande ou mar que corre.
Início da colonização do território maranhense
Em 1534, D. João III divide a Colônia Portuguesa no Brasil em Capitanias Hereditárias, sendo o Maranhão parte de 4 delas (Maranhão 1ª parte, Maranhão 2ª parte, Ceará e Rio Grande), para melhor ocupar e proteger o território colonial.

Porém, a ocupação no Maranhão aconteceu a partir da invasão francesa à Ilha de Upaon-Açu (Ilha de São Luís) em 1612, liderada por Daniel de La Touche, Senhor de La Ravardière, que tentava fundar colônias no Brasil. Os franceses chegaram a fundar um núcleo de povoamento chamado França Equinocial e um forte chamado de "Fort Saint Louis". Esse foi o início da cidade de São Luís.
Entretanto, os portugueses expulsaram os franceses em 1615 na batalha de Guaxenduba, sob o comando de Jerônimo de Albuquerque Maranhão, e passam a ter controle das terras maranhenses. Nesse episódio, foi importante a participação dos povos índigenas que somaram forças a ambos os lados e estendendo o tamanho da batalha.
Invasão holandesa

Depois de terem invadido a maior parte do território do Nordeste da Colônia portuguesa na América, os holandeses dominaram as terras da Capitania do Maranhão em 1641. Eles desembarcaram em São Luís e tinham como objetivo a expansão da indústria açucareira com novas áreas de produção de cana-de-açúcar.

Depois, expandiram-se para o interior da Capitania. Os colonos, insatisfeitos com a presença holandesa, começaram movimentos para a expulsão dos holandeses do Maranhão em 1642, sendo o primeiro movimento contra a dominação holandesa. As lutas só acabaram em 1644 e nelas se destaca Antônio Texeira de Melo como um dos líderes do movimento.
São Luiz - A capital do estado do Maranhão foi fundada em 1612, na ilha de São Luiz, às margens da baía de São Marcos, do oceano Atlântico e do estreito dos Mosquitos. Povoada originariamente pelos franceses no século XVII, atualmente sua população compõe-se de aproximadamente 53% de mulheres e 47 % de homens. A economia local baseia-se primordialmente na indústria de transformação de minérios e no comércio.
 
As principais atrações turísticas da cidade encontram-se na chamada Praia Grande, onde antigos casarões cobertos de azulejos evidenciam a influência portuguesa na arquitetura local. O bairro, restaurado quase por inteiro pelo Projeto Reviver, é ponto cultural de destaque na cidade.
Dispõe de teatro, cinema, bares, lanchonetes, restaurantes e serviços para turistas. O Reviver recuperou cerca de 107 mil m2, mais de 200 prédios, substituiu toda a rede elétrica e proibiu o tráfego de veículos.
A obra, estimada em US$ 100 milhões, devolveu à Praia Grande o antigo cenário de centro comercial e cultural da cidade do século XIX, quando São Luiz era chamada de Atenas brasileira.
Entre os principais locais procurados por turistas encontram-se o Largo do Palácio; o Cais da Sagração, onde costumavam ancorar os navios antigos, que levavam carregamento de açúcar; o Palácio dos Leões, local onde até 1615 funcionou o forte que protegia a capital da França Equinocial e até 1993 era a sede do governo estadual; a Catedral da Sé, construída pelos Jesuítas em 1726; a igreja do Carmo, construída em 1627, uma das mais antigas da cidade; o Museu de Artes Visuais, com trabalhos de artistas maranhenses e azulejos europeus dos séculos XIX e XX; o Museu de Arte Popular, que funciona também como centro de cultura popular; o Teatro Arthur Azevedo, construído entre 1815 e 1817, o primeiro a ser construído em uma capital de estado brasileiro; e a Fonte do Ribeirão (1796), que possui três portões de ferro dando acesso a passagens subterrâneas que servem para escoamento de águas pluviais; a Feira da Praia Grande, que funciona em um prédio do século XIX, exibindo em um de seus portões as armas do Império em relevo.
Trata-se do único exemplar em São Luís, que escapou da depredação depois de instituído o regime republicano. Hoje, são comercializados víveres, frutas regionais, artesanato, mariscos e peixes no local.
Existem várias praias cobertas de dunas de areia nas redondezas de São Luiz. Algumas delas apresentam certo perigo a banhistas, devido às ondas que quebram a 7 m de altura. Entre as mais populares encontram-se a praia do Calhau; a de Ponta da Areia, onde se encontram as ruínas do Forte Santo Antonio (1691); de São Marcos, com as ruínas do Forte de São Marcos, do século XVIII; e a praia de Araçaji, uma das mais bonitas dessa faixa litorânea. O Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses, localizado em Primeira Cruz, ainda não possui infra-estrutura para visitantes.
Indígenas - A população indígena do estado do Maranhão soma 12.238 habitantes, distribuídos entre 16 grupos que vivem numa área total de 1.908.89 hectares. Desse total, aproximadamente 86% (1.644.089 hectares), que representam 14 áreas, já se encontram demarcadas pela Fundação Nacional do Índio (FUNAI), órgão do Governo Federal(9). Cerca de 14%, que correspondem a 264.000 hectares e incluem apenas duas áreas (Awá e Krikati) ainda estão em processo de demarcação, embora sejam ocupadas pelos índios.
O grupo mais numeroso é o dos Araribóia, com população de 3.292 habitantes, que ocupa área de 413.288 hectares, já demarcada pela FUNAI, no município de Amarante. O Cana Brava Guajajara é o segundo grupo em tamanho da população, com 3.143 índios que ocupam 137.329 hectares nos municípios de Barra do Corda e Grajaú.
Por Ilmar R. de Mattos e Daniella Calábria

João Francisco Lisboa analisa em seu livro "Apontamentos para a História do Maranhão", de l852, os acontecimentos gerados pelo descontentamento criado pela introdução do estanco - comércio de produtos monopolizados pelo Estado - que tiveram sua culminância na Revolução do Maranhão de l684, episódio conhecido como a "Revolução de Beckman".

O objetivo deste trabalho é analisar algumas das significações que Lisboa emprestou a "povo", "moradores", "cidadãos", "plebe" e "turba": a relação entre "povo" e "herói" e seus conceitos de "ordem" e "desordem".

Povo é o elemento passivo, apesar de agente da desordem, porque é nele que agem as forças coletivas, não pode controlar as ações, ao contrário, é levado por elas, tornando-se, então, a força incontrolável que irrompe em excessos e conduz à desordem.

O sujeito da ação dos eventos narrados é Manuel Beckman, personagem que agrega os valores capazes de lhe conferir a condição de um herói. Mesmo assim, com o desenrolar dos acontecimentos, ele também passará a ser afetado pelas forras coletivas.

Mas vejamos como Lisboa se vale do uso do termo "povo", contraposto ao de "moradores", até o momento em que os acontecimentos revolucionários explodem na cidade.

Os "moradores" são a elite da cidade enquanto a ordem é mantida e estão claramente separados do "povo. Contudo, a partir do momento em que a opressão a que esses proprietários estão sendo submetidos a partir da introdução do estanco se explicita, esta elite transforma-se, na narrativa de Lisboa, em "Povo".
É explícita a identificação do "povo" com uma situação de opressão. Este é o momento em que se alternam as designação de "moradores" e "Povo". Entretanto, este "Povo", constituído pela elite, jamais será igual ao "povo", formado pela plebe.

Existe, porém, um termo intermediário nesta transição de "moradores" para "Povo" "cidadão", que surge para designar os moradores uma vez que assumam parte ativa em uma situação política; termo que só permanece enquanto não surgem nenhum tipo de ação identificada com uma subversão da ordem. Isso significa dizer que permanecem cidadãos enquanto se mantêm no âmbito da reflexão , passando a tornar-se"Povo" se partem para a ação propriamente dita.

Esta idéia nos permite uma aproximação com as observações de Michelet no livro "O Povo", de l846. Interessante porque, ambos se consideram liberais e poucos anos separam as duas obras. Podemos usar, portanto, algumas chaves presentes em Michelet para interpretar Lisboa.

Em ambos os escritores está presente a idéia de que o povo é arrastado por grandes forças coletivas; bem como, a distinção que fazem entre "homens de reflexão", binômio de onde emergirá afigura do herói, ou para usar a denominação de Michelet, do gênio individual.

Apesar do povo ser "arrastado pelas grandes forças coletivas", o que Michelet considera mais interessante no povo é a sua capacidade de ação, por esta razão, segundo ele, o maior erro que as pessoas do povo podem cometer é abandonar os "seus instintos" e lançar-se em busca das "abstrações e generalidades", que, inversamente, caracterizam os homens das altas sociedades, que os fazem ser, "homens de reflexão".

O intuito de Michelet era resgatar a imagem do povo, porém, na verdade, esse objetivo ia além: ele estava descrevendo uma fórmula para salvação do povo, função esta, que caberia ao gênio individual, o herói:

"O povo, em sua concepção mais elevada, dificilmente se encontra no povo. Quer eu o observe aqui ou ali, não se trata dele, mas de uma classe, uma forma parcial do povo, alterada e efêmera. Em sua verdade, em seu poder maior, ele só existe no homem de gênio; neste é que mora a grande alma... Essa voz é a voz do povo; mudo pôr si, ele fala pela boca deste homem..., e nele, finalmente, todos são glorificados e salvos".

O limite a que chegou Michelet ao abordar o tema "povo" é revelado pela inversão que faz: ao invés de colocar o homem de gênio no povo, coloca o povo dentro do homem gênio.

No caso de Lisboa, o herói, em nenhuma de suas componentes, saí do seio do povo,partilha de elementos comuns com o povo ou o carrega em sua alma, como em Michelet; ao contrário, o herói é uma personagem que atravessa a fronteira entre a elite e o povo e ', é por causa dos valores que, por um lado, o destacam singularmente; e por outro, carregar consigo deberço , que o habilitam a desempenhar este papel.
O heroísmo que Beckman representa não está em momento algum a serviço do povo para resgatá-lo de sua posição. Seu heroísmo existe para reagir à injustiça e à opressão que, aliás, são sofridos mais diretamente pelos proprietários submetidos à tiraniado estanco e à proibição do livre comércio. A designação de Povo que Lisboa emprega serve para nomeara elite que está submetida à opressão . O povo identificado com a maior gama da população é indicado mais propriamente pelas designações de turba, multidão ou plebe.

A política da Corte, "para não contrariar a prática seguida no Estado em ocasiões semelhantes" era fazer as coisas de modo a que, pelo menos, em aparência se dessem pela aceitação voluntária da parte do povo.

O que importava era que não se subvertesse a rotina naquele lugar. A novidade maléfica é a revolução que se anuncia através de uma série de pequenos incidentes que acabam por degenera-se até causar a deflagração da desordem no sistema. É exatamente isto que diz Francisco Lisboa "... em regra as crises natureza nunca deixam de trazer consigo todos os elementos indispensáveis a seu completo desenvolvimento". Esta mentalidade é a marca da permanência e da continuidade mantidas pela Corte como garantia da manutenção de seu poder.

As calamidades naturais entram no rol das causas gerais que se acumulam para agir de uma só vez, culminando no processo incontrolável que escapa ao controle humano e leva à revolução. O "povo" é o elemento impulsionado pelas "causas gerais", não possui ação própria, ele é mostrado como uma massa passiva pronta a ser conduzida.

É um acidente o estopim que detona a crise - o elemento próprio da situação de desordem, contido naturalmente no processo de degeneração. Este acidente é a aparição da voz que levará atrás de si a multidão: a figura do revolucionário. A multidão sozinha, como já acentuado, jamais poderia levar este processo adiante.

Para desempenhar este papel, Beckman sofre um rito de passagem através de um rebaixamento à condição do homem comum, o que se dá quando ele "ata o seu destino ao destino do povo" atravessando a distância que separa a elite privilegiada do homem do povo, passando a participar"da miséria e opressão comuns" sendo, portanto, "dominado e arrastado pelas mesmas idéias e paixões, que eram de todos". Isso faz com que Beckman não possa ter mais total controle da situação.
Entretanto, esta situação não é absoluta já que Beckman nunca completa esta transição. Ele fica em uma situação intermediária entre o mundo da elite e o mundo do povo, entre o seu status nobre de "homem de reflexão" e o rebaixamento a "homem de ação". É esta localização especial que o habilita a conduzir as multidões e, sob este aspecto, ele representa o protótipo do herói.

A voz de Beckman, o líder, ao conduzir as novas ordens se confunde com a ação da multidão. Sua voz torna-se a própria ação. Mas é também , ao mesmo tempo, pela posição intermediária que ocupa, o elemento de moderação capaz de controlar a selvageria do povo, que a esta altura, já aparece representado totalmente por uma multidão que não possui mais faces identificáveis, é somente "povo", e o "povo" entregue a seu estado completo, torna-se "plebe", e junto com ela, estará sempre presente a perspectiva de violência, permanecendo, entretanto, a separação entre os líderes e o "povo", antepostos como nobres diante da plebe furiosa.

Segundo o relato, fica claro que Beckman não teria tido o intento de instalar uma nova ordem, mas, pelo contrário, restaurar a antiga. A manutenção da ordem mínima, surge como um ponto de honra a ser preservado pelos "melhores cidadãos", coisa muito diferente do que poderia fazer a "plebe".

Com o passar do tempo, começa a aparecer toda a inconstância do "povo", característica da falta das virtudes identificadas com a firmeza de propósitos e com a tenacidade próprias somente do herói. Gradualmente, a ordem começa a ser restabelecida, e com a normalidade, a rotina.
É o retorno do mundo da permanência suplantado o instante fugaz da novidade revolucionária. Está demonstrada a instabilidade do povo, que parece saudar o fim da revolução com o mesmo entusiasmo com que abraçara a sua causa. A moral da história parece querer dizer que o "povo", enfim, ama a normalidade:

O início dos infortúnios de Beckman dera-se com o rompimento com o acordo tácito que mantinha as aparências "da aceitação voluntária do povo".

A revolução de Lisboa não é alteração radical das bases em que se apoiam a sociedade brasileira, a glória que destaca da revolta do Maranhão não é o fato de haver sido uma revolução, mas o heroísmo de Beckman.
Sobre revoluções, Lisboa não as apoia, sua atração pelo tema restringe-se às discussões entre homens ilustrados, entre os "homens de reflexão", lugar onde ele mesmo se situa, e de onde pode encontrar a legitimidade e a justiça de uma revolução, que seria um movimento, como já se disse, voltado, unicamente, contra as injustiças e a falta de liberdade política e econômica para aqueles que identifica como cidadãos. Vai nesse sentido o liberalismo de Lisboa.

Poderia parecer absurdo, que Lisboa acabe reverenciando a revolução pela sua moderação, "respeito à vida", à "fazenda" e aos direitos dos adversários". O respeito à "fazenda", serve para diferenciar estas de outras revoltas menos nobres descritas como "simples fatos materiais", enquanto que, por outro lado, uma revolução feita de idéias poderia, facilmente, permanecer restrita aos salões da República das Letras, em perfeito isolamento dos ditames da tão temida necessidade.
É ao intelecto que deve estar ligada a revolução e não à necessidade. Esta é a divisão entre "homens e reflexão" e "homens de ação", de que nos fala Michelet, e que parece fornecer os limites do mundo de Francisco Lisboa.


Bibliografia

Lisboa, J. Francisco. Crônica do Brasil colonial: apontamentos para a história do Maranhão, Petrópolis: Vozes, l976.
Michelet, Jules. O Povo, SP: Martins Fontes, l988. 

Batalha de Guaxenduba, Maranhão





Para a pesquisadora Maria de Lourdes Lacroix, que também está participando dos debates realizados no simpósio, a Batalha de Guaxenduba só vem demonstrar a importância do ato heroico de nossos antepassados para o bem do nosso próprio país."Se a batalha não tivesse a vitória portuguesa talvez nós não fôssemos brasileiros. O Brasil seria menos do Ceará ao Amazonas. Não seria esse país continental que nós nos orgulhamos", disse.Batalha de Guaxenduba, Maranhão

A Batalha de Guaxenduba, que terminou com a vitória de Jerônimo de Albuquerque à frente das tropas portuguesas, quando expulsaram os franceses do Maranhão.



A Batalha de Guaxenduba, que terminou com a vitória de Jerônimo de Albuquerque à frente das tropas portuguesas, quando expulsaram os franceses do Maranhão.
Para a pesquisadora Maria de Lourdes Lacroix, que também está participando dos debates realizados no simpósio, a Batalha de Guaxenduba só vem demonstrar a importância do ato heroico de nossos antepassados para o bem do nosso próprio país."Se a batalha não tivesse a vitória portuguesa talvez nós não fôssemos brasileiros. O Brasil seria menos do Ceará ao Amazonas. Não seria esse país continental que nós nos orgulhamos", disse.
GUAXENDUBA
A Batalha de Guaxenduba foi um confronto militar ocorrido em 19 de novembro de 1614 onde hoje se localiza a cidade de Icatu, no estado do Maranhão, no Brasil, entre forças portuguesas e tabajaras, de um lado, e francesas e tupinambás, de outro.
A batalha foi um importante passo dado pelos portugueses para a expulsão definitiva dos franceses do Maranhão, a qual viria a ocorrer em 4 de novembro de 1615. A expulsão dos franceses possibilitou que grande parte da Amazônia passasse para domínio português e, posteriormente, brasileiro.
Em 1555, os franceses tentaram estabelecer uma colônia no Rio de Janeiro, a França Antártica, que foi extinta em 1560.
Em 1612, com o apoio dos indígenas locais, os franceses novamente tentam estabelecer uma colônia no território pertencente a Portugal: em 8 de setembro, foi fundada a povoação de Saint Louis e iniciada a construção do Forte de São Luís do Maranhão.
Ciente da presença dos franceses ao norte da capitania do Maranhão, Gaspar de Souza envia tropas de Pernambuco.
Em 23 de agosto de 1614, Diogo de Campos parte do Recife com 300 homens e, no Rio Grande do Norte, se junta a Jerônimo de Albuquerque, que leva consigo um grande contingente de indígenas.
A expedição portuguesa com 500 homens liderados pelo capitão-mor Jerônimo de Albuquerque acampa na barra do rio Perejá (Periá) com a intenção de buscar um local para edificar uma fortificação, enfrentando falta de alimentos e de água de qualidade.
Um grupo de 14 exploradores portugueses descobre um local adequado para a construção de um forte, e a expedição novamente zarpa em 2 de outubro de 1614. Em 26 de outubro, chegam a uma área chamada de Guaxindubá pelos indígenas, na margem direita da Baía de São José, entre muitas ilhas e canais estreitos. Ali, sob a orientação do engenheiro Francisco Frias de Mesquita é construída uma fortificação de forma hexagonal à qual é dado o nome de Forte de Santa Maria,10 a cerca de 20 km da atual sede do município de Icatu.
Estátua
Uma estátua representa a Batalha de Guaxenduba, quando um exército chefiado por Jerônimo de Albuquerque venceu e expulsou os franceses em 19 de novembro de 1614.
Segunda a tradição no fragor da luta entre os soldados luso-brasileiros e os invasores franceses, uma Senhora diáfana e radiosa apareceu como por encanto entre as fileiras de nossos ancestrais. À medida que as percorria ia incentivando os combatentes à luta. Quando faltava munição, apanhava areia da praia e a oferecia aos soldados, já transformada em pólvora, para que recarregassem suas armas.
Era Nossa Senhora da Vitória.
Fontes: Wikimapia e Trabalhos Feitos

HISTÓRIA DO BRASIL COLÔNIA


segunda-feira, 21 de setembro de 2015

FORMAÇÃO DO ESTADO DE ISRAEL



A CRIAÇÃO DO ESTADO DE ISRAEL

HISTÓRIA GERAL

Em 1947, a ONU aprovou o plano de Partilha da Palestina. Com isso, o território palestino foi dividido em dois Estados, um judeu e outro árabe. Em maio de 1948, a criação do Estado de Israel foi oficialmente instituída.Com o fim da Segunda Guerra Mundial, o mundo se deparou com as sequelas de anos de crueldade: mais de seis milhões de judeus exterminados nos campos nazistas. Com isso, as organizações voltadas para ajuda humanitária passaram a resgatar os judeus que sobreviveram aos campos de concentração e embarcá-los clandestinamente para a palestina. A Inglaterra tentou de todas as formas barrar o desembarque dos refugiados, lembrando que a Palestina era concessão britânica.
O fato sensibilizou a opinião pública mundial e revigorou a ideia de criação de um Estado judeu na Palestina. Em 1947, em assembleia realizada pela Organização das Nações Unidas (ONU), presidida pelo brasileiro Oswaldo Aranha, foi deliberada a divisão da Palestina em dois Estados, o Estado Judeu e o Estado Árabe. Em maio de 1948, os judeus, liderados por David Bem Gurion, fundaram oficialmente o Estado de Israel. No entanto, o Estado árabe prenunciado pela ONU nessa partilha não foi estabelecido e os palestinos lutam até hoje para ter o seu Estado. Esse episódio foi denominado Questão Palestina.
A revolta dos países árabes foi imediata à criação do Estado de Israel. Isso culminou no primeiro conflito árabe israelense.  Com o apoio militar e financeiro recebido de outras nações, Israel venceu a guerra e dominou mais da metade do território reservado aos árabes no plano de divisão da ONU. Com a derrota da guerra de 1948, cerca de meio milhão de palestinos foram obrigados a deixar a terra em que viviam para se refugiar em países vizinhos.
Expulsos de suas terras, os palestinos eram maltratados, inclusive nos países árabes. Somente a Jordânia permitiu a integração dos palestinos em sua sociedade, mas sendo vigiados permanentemente. Nos outros países eles passaram a viver em acampamentos para refugiados, com a ajuda da ONU. Desde então, o Oriente Médio tornou-se uma das regiões mais conflituosas do globo, cenário de consecutivos conflitos extremistas entre judeus e árabes.

Por Lilian Aguiar
Graduada em História
Equipe Brasil Escola