quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Quem tem a melhor e a pior saúde no mundo - a visão global

Existem muitos índices calculados por organizações como ONU, FAO e OMS. Um deles é o Índice de Desenvolvimento Humano, no qual o Brasil, oitava maior economia do mundo, estava em 63.o lugar de 174 países em 1995 e 74.o em 1998. Outro é o Índice de Pobreza Humana, no qual o Brasil está em 21.o lugar em 2000. Note que neste último quanto melhor a colocação maior a pobreza. Estes índices podem ser consultados no site www.undp.prg/hrdo. Em termos da saúde de uma espécie animal, não existe melhor medida que sua sobrevivência, e esta idéia sempre fez com que os organismos internacionais utilizassem a mortalidade como medida mais importante da saúde de países. O site news.bbc.co.uk trouxe recentemente, uma reportagem extremamente interessante. Só a BBC para ser honesta a este nível. Ninguém vai saber deste assunto na Globo, CNN, Newsweek, Time, Veja, ou outros órgãos de comunicação de países ufanistas e "vencedores". Nada foi comentado pelos presidentes ou ministros da saúde do Brasil ou dos EUA.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) desenvolveu uma nova maneira de classificar a qualidade de vida saudável dos 194 países do mundo, chamada de Dale, "disability-adjusted life years", ou anos de vida ajustados para incapacidades. Este índice reflete o número de anos que uma pessoa pode esperar viver em plena saúde, livre de doenças ou seqüelas de doenças que piorem sua qualidade de vida. O Dale passa a ser considerado em conjunto com o tempo de vida, ou a idade média na morte da população de um país, que era a maneira utilizada até agora. O novo índice dá uma visão mais prática do que o estudo simples do tempo de vida, e reflete um movimento que vem ocorrendo em vários ramos das ciências de vida, que enfatiza a qualidade de vida.
A tabela abaixo indica algumas surpresas que merecem um prolongado momento de reflexão, que dá origem a três artigos, dos quais este é o primeiro. Todos os três e a classificação de todos os países do mundo estarão disponíveis em "Assuntos emergentes" no site www.unineuro.com.br, nos próximos dias. Da mesma maneira que nos índices de mortalidade, o Japão vem em primeiro lugar. Uma criança japonesa pode esperar viver saudável até os 75 anos de idade!! Não estão entre os melhores os EUA, que tem de longe o sistema médico mais caro do mundo, capitalista em seu modelo, com os centros de tratamento mais complexos e tecnológicos do planeta. Também não está entre os 10 melhores o Canadá, que tem o sistema socializado considerado o melhor do planeta. Nem mesmo a Grã-Bretanha, que teve o primeiro sistema socializado de saúde, e que produz Prêmio Nobel atrás de Prêmio Nobel nas ciências da saúde. Não existe dúvida que em termos de dinheiro empregado em pesquisa o sistema médico-científico britânico é o mais produtivo do mundo.
A Austrália, país de ex-criminosos, tenistas, nadadores e surfistas, hoje em dia com uma grande população de origem oriental, ocupa um surpreendente segundo lugar. França, Itália, Espanha e Grécia, países mediterrâneos de gente que gosta de viver bem e festejar com o sexo oposto, e até com os outros sexos também, que tem costume diário de bom vinho e boa comida, deixam para atrás os países nórdicos, britânicos, orientais, germânicos, e até mesmo os pequenos oásis e paraísos fiscais!
Dez mais saudáveis
Japão 74.5 anos
Austrália 73.2
França 73.1
Suécia 73.0
Itália 72.7 
Espanha 72.8 
Grécia 72.5
Suíca 72.5
Mônaco 72.4
Andorra 72.3
Países de saúde misturada
Canadá 72.1 anos
Grã-Bretanha 71.7
Alemanha 70.4
EUA 70
Chile 68.6 
Argentina 66.7 
México 65
Uzbequistão 60.2
Brasil 59.1
Marrocos 59.1
Países com a pior saúde
Sierra Leone 26 anos
Niger 29.1
Malawi 29.4
Zambia 30.3
Botswana 32.3
Uganda 32.7
Rwanda 32.8
Zimbabwe 32.9
Mali 33.1
Etiópia 33.5
Os EUA vêm em 24.o lugar, a Alemanha no 22.o, e a Grã-Bretanha em 14.o, todos ainda acima dos 70 anos de expectativa de vida saudável. O Brasil, em 111.o, está alguns anos abaixo do Paraguai, Peru, da maioria dos países da América Central e Caribe, Europa Oriental e Ásia Central. Estamos na vizinhança dos países islâmicos e latino-americanos mais pobres. Muito abaixo do Chile, Argentina e até mesmo do México. Quem só tem guerra civil, como a Colômbia, ainda vive mais e melhor que os brasileiros. Pior que nós estão países de população miserável, em guerra crônica, com epidemias várias, no sul da Ásia, centro e sul da África, com expectativas de vida saudável respectivamente abaixo dos 50 e 40 anos. Por exemplo a África do Sul de Nelson Mandela, com 39,8 anos.
Dale, o tempo de vida saudável médio, é igual ou maior que 70 anos em 24 países. No outro extremo 32 países tem expectativa menor que 40 anos. Muitos têm grandes epidemias de HIV/AIDS atingindo mais de 10% de suas populações. Todos os 10 piores países estão na África Central, onde a expectativa de vida está voltando aos níveis que não existem nos países desenvolvidos desde tempos medievais, como diz Alan Lopez, coordena

dor da equipe de Epidemiologia e Carga de Doença da OMS.
Paulo Rogério M. de Bittencourt é médico em Curitiba,www.unineuro.com.br (onde você pode ler os três artigos desta série e consultar a classificação da OMS de tempo de vida saudável)


As 10 piores cidades do mundo para viver




Se você não habita em uma das 10 cidades que podem ser consideradas quase um paraíso terrestre, conforme o ranking divulgado pelo EcoD, não precisa se preocupar, pois, provavelmente, seu lar não está situado em uma das dez piores cidades do mundo para se viver.
Localizadas, em sua grande maioria, na África e Ásia, as piores cidades do mundo são, em geral, grandes metrópoles violentas, com alta densidade populacional, altos índices de criminalidades, congestionamento, poluição, baixa educação e cultura, de acordo com o levantamento divulgado pela Unidade de Inteligência da revista britânica The Economist.
A publicação elaborou um estudo com 140 cidades ao redor do mundo e determinou quais delas são as melhores para se viver. As cidades foram avaliadas em 30 fatores divididos em cinco áreas: saúde, violência e estabilidade, educação, infraestrutura e, por fim, meio ambiente e lazer.
Conforme estes critérios, a cidade ideal seria média, com baixa densidade populacional, com um bom leque de atividades recreativas, boa infraestrutura e baixos índices de criminalidade. Ao contrário das cidades que você irá conhecer a seguir.
10 - Abidjã (Costa do Marfim)
Maior cidade da Costa do Marfim, Abidjã é uma espécie de “São Paulo” piorada do país. A metrópole concentra a base econômica e o maior contingente populacional (4,7 milhões de habitantes) da Costa do Marfim. Altos índices de criminalidade, violência extrema, abuso de poder e corrupção, além de taxas elevadas de consumo de cocaína entre os jovens tornam a cidade uma péssima opção para se viver.
9 - Teerã (Irã)
Já se passaram quase 20 anos desde que os Paralamas do Sucesso compuseram a canção “Teerã” (1986). No entanto, a letra que questiona “Por quanto tempo ainda vamos ter/Nas noites frias e nas manhãs/Imagens de dor/Em rostos marcados/Pequenos demais pra se defender” continua atual. Claro, a cidade não convive mais com os bombardeios diários da Guerra Irã-Iraque. Porém, a violência ainda está presente na vida dos iranianos. Falta de liberdade de expressão, desrespeito aos direitos humanos e repressão estatal, além dos “comuns” problemas de poluição e congestionamento completam o quadro da nona posição do ranking.
8 - Duala (Camarões)
A maior cidade de Camarões acumula baixos índices de saúde, cultura e educação. Apesar de possuir um toque rural, como não poderia faltar no Top 10 das piores cidades para se viver, Duala possui ainda problemas crônicos de congestionamento e poluição. Em 2009, a cidade foi considerada a “mais cara” da África e a 27ª em todo o mundo, pela consultoria Mercer.
7 - Trípoli (Líbia)
Antes considerada uma das cidades mais ricas e modernas do continente africano, não é preciso muito esforço para descobrir por que Trípoli figura na sétima posição entre as 10 piores cidades do mundo para se viver. Desde quando os rebeldes começaram a revolta contra o ex-ditador Khadafi, além de ter os principais prédios públicos, escolas e hospitais destruídos, a segunda maior cidade líbia passou a conviver com a violência e a tensão. Para piorar o quadro, a população enfrenta ainda a escassez de água.
6 - Carachi (Paquistão)
Com o melhor índice de educação no Top 10 das piores cidades, o que torna Carachi uma cidade indesejável é a violência. A capital financeira do Paquistão, volta e meia vira palco de atentados. Tão populosa quanto São Paulo, com quase 16 milhões de habitantes, Carachi sofre com a corrupção e a burocracia. Na cidade, existe até mesmo um mercado negro de água potável, escassa na região.
5 - Argel (Argélia)
O grande gargalo da capital da Argélia é justamente a infraestrutura. A cidade enfrenta diversos problemas sociais, principalmente relacionados a habitação e ao desemprego.
4 - Harare (Zimbábue)
Considerado o pior lugar do mundo para viver desde 2009 pelo ranking, este ano Harare conseguiu subir de posição. Infelizmente, a proeza se deu devido à piora das três últimas cidades do ranking, e não da melhoria de Harare, que continua sofrendo com ausência de serviços públicos de saúde e de transporte, além da escassez energia e água.
3 - Lagos (Nigéria)
A segunda maior cidade africana possui uma desigualdade latente. Rica em petróleo, Lagos atrai cerca de 600 mil imigrantes anualmente oriundos de todo o continente. O problema é que a cidade, que possui 40% do território imerso sob a água, não consegue absorver a demanda e garantir a infraestrutura necessária para toda a população. O resultado pode ser visto, por exemplo, no sistema de saneamento precário, que não cobre nem metade dos habitantes. Além disso, a eletricidade funciona apenas algumas horas no dia.
2 - Porto Moresby (Papua-Nova Guiné)
A segunda pior cidade do mundo para se viver acumula altos índices de pobreza, criminalidade, acesso restrito à saúde e uma cultura de gangues que dissemina ainda mais a violência em Port Moresby. A capital de Papua-Nova Guiné é uma das exceções do ranking em termos de superpopulação, mas isso não diminui a ausência de infraestrutura da cidade e a alta taxa de desemprego.
1º - Dacca (Bangladesh)
Para ganhar o troféu de pior cidade do mundo para se viver, Dacca reuniu praticamente todos os itens ruins das cidades acima mencionadas. Péssima qualidade do transporte público, violência, altas taxas de criminalidade e ainda enfrenta sérios problemas de poluição. A coleta do lixo é quase inexistente, a água, proveniente dos rios cheios de lixo, é contaminada, e o sistema educacional público foi classificado pelo levantamento como “intolerável”.
O conteúdo do EcoDesenvolvimento.org está sob Licença Creative Commons. Para o uso dessas informações é preciso citar a fonte e o link ativo do Portal EcoD. http://www.ecodesenvolvimento.org/posts/2012/agosto/as-10-piores-cidades-do-mundo-para-viver#ixzz24Oz7KTnk 

Expansão Territorial do Brasil - resumo, período colonial, história


História da expansão territorial do Brasil Colonial, causas, resumo, como foi, bandeirantes, conquista do interior

Bandeirantes: importante papel na expansão territorial do Brasil
Bandeirantes: importante papel na expansão territorial do Brasil

Início da colonização

Até o começo do século XVII, os colonizadores se concentraram em cidades fundadas na região litorânea do Brasil, principalmente no Nordeste. A principal atividade era a produção de açúcar, e grande parte dos engenhos estava instalada nas capitanias da Bahia e Pernambuco.

Na segunda metade do século XVII, com o aumento da criação de gado extensiva, a ocupação do território nordestino avançou para o interior. Neste período começaram a surgir os currais, que eram grandes fazendas voltadas para a pecuária. Neste contexto, ocorreu a ocupação do vale do rio São Francisco e parte do sertão nordestino.

A ocupação da região amazônica

Com a presença de estrangeiros na região amazônica no século XVII, a coroa portuguesa organizou e enviou para a região várias expedições militares para expulsar os invasores. Vilas, que mais tarde dariam origem a cidades, foram fundadas na região amazônica por integrantes destas expedições.

A expansão pela região amazônica também foi favorecida por uma atividade econômica muito lucrativa no século XVII: a exploração das drogas do sertão (ervas medicinais e aromáticas, guaraná, pimenta, cravo e castanhas). Muitos se embrenharam pela floresta amazônica para coletar estas drogas e vender para comerciantes que as comercializavam na região nordestina e também na Europa.

A expansão territorial da região centro-sul do Brasil

Nos séculos XVII e XVIII, a expansão territorial no centro-sul do Brasil foi impulsionada pelas bandeiras. Estas expedições, organizadas pelos bandeirantes paulistas, tinham como objetivos principais o aprisionamento de índios, a busca de pedras e metais preciosos e a recuperação de escravos foragidos. Os bandeirantes entraram para o interior das regiões sudeste, sul e central do Brasil, indo além do estabelecido pelo Tratado de Tordesilhas, explorando e conquistando territórios. Neste contexto, várias vilas foram fundadas, favorecendo a ocupação destas regiões.

Em meados do século XVII, os bandeirantes encontram várias minas de ouro em áreas de Minas Gerais, Goiás e Matogrosso. Após estas descobertas, começou o Ciclo do Ouro, deslocando o eixo de desenvolvimento econômico do Nordeste para as regiões central e sudeste do Brasil. Várias cidades foram fundadas e se desenvolveram rapidamente com a renda gerada pela exploração do ouro.

A expansão territorial no sul do Brasil

Com o auge da exploração do ouro no século XVIII, a região sul também prosperou. A criação de gado para o abastecimento de carne para a região aurífera fez com que várias vilas e cidades se desenvolvessem na região interior do sul do Brasil.

Fonte: http://m.historiadobrasil.net/brasil_colonial/expansao_territorial.htm

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

REVOLUÇÃO INDUSTRIAL

 
Por Cristiana Gomes
 
As máquinas foram inventadas, com o propósito de poupar o tempo do trabalho humano. Uma delas era a máquina a vapor que foi construída na Inglaterra durante o século XVIII. Graças a essas máquinas, a produção de mercadorias ficou maior e os lucros também cresceram. Vários empresários; então, começaram a investir nas indústrias.
Ilustração da paisagem inglesa durante a Revolução Industrial. As grandes chaminés expelindo fumaça representava desenvolvimento.
Ilustração da paisagem inglesa durante a Revolução Industrial. As grandes chaminés expelindo fumaça representava desenvolvimento.
Com tanto avanço, as fábricas começaram a se espalhar pela Inglaterra trazendo várias mudanças. Esse período é chamado pelos historiadores de Revolução Industrial e ela começou na Inglaterra.
A burguesia inglesa era muito rica e durante muitos anos continuou ampliando seus negócios de várias maneiras:
  • financiando ataques piratas (corsários)
  • traficando escravos
  • emprestando dinheiro a juros
  • pagando baixos salários aos artesãos que trabalhavam nas manufaturas
  • vencendo guerras
  • comerciando
  • impondo tratados a países mais fracos
Os ingleses davam muita importância ao comércio (quanto mais comércio havia, maior era a concorrência).
Quando se existe comércio, existe concorrência e para acabar com ela, era preciso baixar os preços. Logo, a burguesia inglesa começou a aperfeiçoar suas máquinas e a investir nas indústrias.
Vários camponeses foram trabalhar nas fábricas e formaram uma nova classe social: o proletariado.
O desenvolvimento industrial arruinou os artesãos, pois os produtos eram confeccionados com mais rapidez nas fábricas. A valorização da ciência, a liberdade individual e a crença no progresso incentivaram o homem a inventar máquinas.
O governo inglês dava muita importância à educação e aos estudos científicos e isso também favoreceu as descobertas tecnológicas.
Milhares de trabalhadores das indústrias inglesas.
Milhares de trabalhadores das indústrias inglesas.
Graças à Marinha Inglesa (que era a maior do mundo e estava em quase todos os continentes) a Inglaterra podia vender seus produtos em quase todos os lugares do planeta.
No século XIX a Revolução Industrial chegou até a França e com o desenvolvimento das ferrovias cresceu ainda mais.
Em 1850, chegou até a Alemanha e só no final do século XIX; na Itália e na Rússia, já nos EUA, o desenvolvimento industrial só se deu na segunda metade do século XIX.
No Japão, só nas últimas décadas do século XIX, quando o Estado se ligou à burguesia (o governo emprestava dinheiro para os empresários que quisessem ampliar seus negócios, além de montar e vender indústrias para as famílias ricas), é que a industrialização começou a crescer. O Estado japonês esforçava-se ao máximo para incentivar o desenvolvimento capitalista e industrial.
Adam Smith (pensador escocês) escreveu em 1776 o livro “A Riqueza das Nações”, nessa obra (que é considerada a obra fundadora da ciência econômica), Smith afirma que o individualismo é bom para toda a sociedade.
Para ele, o Estado deveria interferir o mínimo possível na economia. Adam Smith também considerava que as atividades que envolvem o trabalho humano são importantes e que a indústria amplia a divisão do trabalho aumentando a produtividade, ou seja, cada um deve se especializar em uma só tarefa para que o trabalho renda mais.
A Revolução Industrial trouxe riqueza para os burgueses; porém, os trabalhadores viviam na miséria.
Muitas mulheres e crianças faziam o trabalho pesado e ganhavam muito pouco, a jornada de trabalho variava de 14 a 16 horas diárias para as mulheres, e de 10 a 12 horas por dia para as crianças.
Enquanto os burgueses se reuniam em grandes festas para comemorar os lucros, os trabalhadores chegavam à conclusão que teriam que começar a lutar pelos seus direitos.
O chamado Ludismo foi uma das primeiras formas de luta dos trabalhadores. O movimento ludita era formado por grupos de trabalhadores que invadiam as fábricas e quebravam as máquinas.
Os ludistas conseguiram algumas vitórias, por exemplo, alguns patrões não reduziram os salários com medo de uma rebelião.
Além do ludismo , surgiram outras organizações operárias, além dos sindicatos e das greves.
Em 1830, formou-se na Inglaterra o movimento cartista. Os cartistas redigiram um documento chamado “Carta do Povo” e o enviaram ao parlamento inglês. A principal reivindicação era o direito do voto para todos os homens (sufrágio universal masculino), mas somente em 1867 esse direito foi conquistado.
Thomas Malthus foi um economista inglês que afirmava que o crescimento da população era culpa dos pobres que tinham muitos filhos e não tinham como alimentá-los. Para ele, as catástrofes naturais e as causadas pelos homens tinham o papel de reduzir a população, equilibrando, assim, a quantidade de pessoas e a de comida.
Além disso, Malthus criticava a distribuição de renda. O seu raciocínio era muito simples: os responsáveis pelo desenvolvimento cultural eram os ricos e cobrar impostos deles para ajudar os pobres era errado, afinal de contas era a classe rica que patrocinava a cultura.
O Parlamento inglês (que aparentemente pensava como Malthus) adotou, em 1834, uma lei que abolia qualquer tipo de ajuda do governo aos pobres. A desculpa usada foi a que ajudando os pobres, a preguiça seria estimulada. O desamparo serviria como um estímulo para que eles procurassem emprego.
A revolução Industrial mudou a vida da humanidade.
A vida nas cidades se tornou mais importante que a vida no campo e isso trouxe muitas consequências: nas cidades os habitantes e trabalhadores moravam em condições precárias e conviviam diariamente com a falta de higiene, isso sem contar com o constante medo do desemprego e da miséria.
Por um outro lado, a Revolução Industrial estimulou os pesquisadores, engenheiros e inventores a aperfeiçoar a indústria. Isso fez com que surgisse novas tecnologias: locomotivas a vapor, barcos a vapor, telégrafo e a fotografia.
Leia mais sobre as Consequências da Revolução Industrial.
Ilustrações:
https://www.mtholyoke.edu/courses/rschwart/ind_rev/images/indust.html.htm
http://www.yamacanyons.net/WestCivIndRevCh19.html

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Formas de resistência no Brasil


O Tráfico Negreiro
A partir da segunda metade do século XVI, começaram a ser trazidos para a América os africanos como escravos em número expressivo para a exploração sistemática de sua mão-de-obra.

Escravos à venda no mercado do Valongo, junto ao porto do Rio de Janeiro. Gravura de W. Read, século XIX.



A opção pelo africano se deu por algumas supostas vantagens: maior resistência física às epidemias e maiores conhecimentos em trabalhos artesanais e agrícolas. A opção pelo escravo africano se deu também porque o tráfico dava lucros, era uma das atividades mais lucrativas do sistema colonial. Para facilitar, nem o Estado nem a igreja católica condenavam a imposição da escravidão aos africanos.



Porão de Navio Negreiro. Gravura de Rugendas, 1835.

Os portugueses transportavam os escravos em suas caravelas vindas da África. Os holandeses também realizavam o tráfico de escravos para o Brasil. O número de escravos embarcados dependia da capacidade da embarcação. Nas caravelas, os portugueses transportavam até 500 cativos. Um pequeno navio podia transportar até 200 escravos, um navio grande até 700.

A bordo, todos os escravos eram marcados a ferro no ombro ou na coxa. Embarcados, os cativos são acorrentados até que se perca de vista a costa da África. Os navios negreiros embarcavam mais homens do que mulheres. O número de crianças era inferior, de 3% a 6% dos embarcados.


Angola (África Centro-Ocidental) e a Costa da Mina (todo o litoral do Golfo da Guiné) eram até o século XVIII os principais fornecedores de escravos ao Brasil. Os principais grupos étnicos africanos trazidos ao Brasil foram os bantos, oriundos de Angola, Golfo da Guiné e Congo; os sudaneses, originários do Golfo da Guiné e do Sudão; e os maleses, sudaneses islamizados.




As rotas do tráfico de Escravos africanos para as Américas e Brasil.

Durante o século XVI e o XVII, os escravos eram trazidos principalmente ao Nordeste para a atividade açucareira, sobretudo, para fazendas na Bahia e em Pernambuco. Em menor número eram enviados ao Pará, Maranhão e Rio de Janeiro. No final do século XVII, a descoberta do ouro na província de Minas Gerais eleva o volume do tráfico, que passa a levar os cativos para a região das minas. No século XVIII, o ouro sucede o açúcar na demanda de escravos, o café substitui o ouro e o açúcar no século XIX.


Entre a segunda metade do século XVI e 1850, data do fim do tráfico negreiro (Lei Eusébio de Queiroz), o número de escravos vindos para o Brasil é estimado entre 3 500 000 e 3 900 000. O Brasil teria importado 38% dos escravos trazidos da África para o Novo Mundo.


Os escravos a bordo estavam sujeitos a todos os riscos. Sua alimentação era escassa. Não fazia exercícios físicos durante a viagem. A higiene a bordo era muito medíocre. Havia ainda os maus-tratos a bordo e a superlotação dos porões insalubres e infectos.


Trinta e cinco dias durava a viagem de Angola a Pernambuco, quarenta até a Bahia, cinqüenta até o Rio de Janeiro. A mortalidade era alta a bordo. 20% dos escravos morriam durante essa longa viagem.


A partir da década de 1840, a Inglaterra começa a sua guerra contra o tráfico de escravos para o Novo Mundo, alegando razões humanitárias, mas na verdade com a finalidade de ampliar o mercado consumidor de seus produtos industrializados. É aprovada na Inglaterra a lei conhecida como Bill Aberdeen, que dava direito a Marinha de Guerra britânica de prender navios negreiros no Atlântico e julgar seus tripulantes.


Sob pressão inglesa, o governo imperial brasileiro promulga a 4 de setembro de 1850, a lei Eusébio de Queiroz, que extinguia o tráfico de africanos para o Brasil. Com a ilegalidade do tráfico, a alternativa foi a intensificação do tráfico inter-regional e interprovincial de escravos. Assim, no século XIX, os cativos vinham principalmente das províncias do Norte e Nordeste para suprir as necessidades de mão-de-obra do Sudeste cafeeiro.





Ser escravo no Brasil
A característica mais marcante da escravidão é o fato do escravo ser propriedade de outro ser humano. O escravo é uma “propriedade viva”, sujeita ao senhor a quem pertence. Nesta situação, o escravo é uma coisa, um “bem” objeto.


Sendo um bem objeto ou coisa do senhor, ou seja, sua propriedade, o escravo se tornava mercadoria de todos os tipos de transações nas relações mercantis. Assim, pelo direito de propriedade, o senhor podia vender seus escravos, alugá-los, emprestá-los, doá-los, transmiti-los por herança ou legado, penhorá-los, hipotecá-los, exercendo, enfim, todos os direitos legítimos de dono e proprietário.


Assim, o senhor tinha o direito de utilizar a força de trabalho do escravo pelo modo que lhe conviesse, de modo a conseguir dele o maior proveito possível, assegurando em troca a subsistência necessária para sua manutenção.


Equiparando-se às coisas e propriedade de outra pessoa, o escravo não era cidadão, sendo privado de quaisquer direitos civis. O escravo podia constituir família, mas continuava marido, mulher e filhos propriedade do senhor, que não podia, no entanto, separar os cônjuges e os filhos menores de 15 anos.




Texto e Contexto

“Os escravos são as mãos e os pés do senhor de engenho, porque sem eles no Brasil não é possível fazer, conservar e aumentar fazenda.”
(Do jesuíta italiano André João Antonil, Cultura e opulência do Brasil, 1711.)



A escravidão no Brasil estava voltada, sobretudo, para as atividades agrárias. A força de trabalho escrava destinava-se aos estabelecimentos agrícolas nas regiões rurais onde residiam, habitando em senzalas. O escravo rural assenzalado foi predominante no Brasil.


Na economia canavieira, a maioria dos escravos trabalhava em todo o processo de produção, na lavoura e na produção do açúcar. No engenho, onde se fabricava o açúcar, trabalhavam na moenda, na casa das caldeiras e na casa de purgar. Além do setor da produção de açúcar, foi empregado também na agricultura de abastecimento interno, na criação de gado e nas pequenas manufaturas. Trabalhavam muito, de quatorze a dezesseis horas.


Escravos na moenda de açúcar. Gravura de Jean Baptiste Debret, 1835.

Nas cidades, a sorte para o escravo parece ter sido menos dura, e o seu emprego se diversificava. Nas ruas, alguns possuíam liberdade de locomoção, o que era negado a todos os escravos rurais. Podiam até, mediante negociação com seu senhor, residir em domicílio separado.

Nas cidades, eram os escravos que se encarregavam do transporte de objetos, dejetos e pessoas, além de serem responsáveis por uma considerável parcela da distribuição do alimento que abastecia pequenos e grandes centros urbanos.


Alguns trabalhavam na residência do senhor, a serviço da família em serviços domésticos. Nas cidades, mestres artesãos utilizavam também escravos treinados em trabalhos artesanais, por isso tais escravos eram geralmente mais caros.


Havia ainda aqueles escravos que trabalhavam nas ruas, prestando serviços, realizando trabalhos manuais ou vendendo artigos, alimentos, etc. Até o século XIX, nos portos das cidades, os escravos organizados em grupos de dez ou vinte eram muito utilizados nas atividades de manuseio e transporte de carga.


Escravos vendedores ambulantes e quitandeiros, sobretudo mulheres, povoavam as ruas de Recife, Salvador, Ouro Preto, Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre e outras cidades. No Brasil, esses escravos eram chamados de escravos de ganho, que percorriam as ruas das cidades atrás de ocupação para prover as necessidades de seu senhor e suas próprias. Estes escravos entregavam uma renda fixa por dia para seu senhor, fruto de seu trabalho, e o restante podiam guardar consigo. Os escravos podiam possuir bens móveis e dinheiro. A renda adquirida podia ser utilizada para a compra da alforria (a liberdade) pelo escravo, a chamada manumissão. Esta podia ser comprada ou doada do senhor, se está fosse sua vontade, ou seja, a liberdade através da manumissão era um ato que dependia da boa vontade do senhor, salvo em alguns casos determinados por lei.




Escravos de ganho no Rio de Janeiro, 1860.


Castigos e violência
Uma das características do regime escravocrata é o que confere ao senhor o direito privado de castigar fisicamente o escravo. A exploração da força de trabalho escrava requeria necessariamente mecanismos de coerção que garantissem a continuidade do trabalho. A relação entre senhor e escravo era, assim, marcada pela violência. Do ponto de vista da escravidão, o castigo do escravo era necessário e justo.


Texto e Contexto
“É lamentável, em todo caso, a sorte desses negros. Eles sabem que são espoliados e isso deve tornar-lhes ainda mais amargos os espancamentos e outros maus tratos que sofrem. Também é preciso ter em mente que muitos negros deixam de trabalhar bem se não foram convenientemente espancados. E se desprezássemos a primeira iniqüidade a que os sujeitam, isto é, sua introdução e submissão forçada, teríamos de considerar em grande parte merecidos os castigos que lhes impõem os seus senhores.”
(Do colono suíço Thomas Davatz, sobre o castigo sofrido pelos escravos no século XIX. DAVATZ, Thomas. Memórias de um Colono no Brasil. 2ª Ed. São Paulo: Livraria Martins Ed., 1951. pp. 62-63)

O sistema escravocrata possuía os mais bárbaros instrumentos de tortura como forma de manter, pelo terror, a dominação sobre os negros. A palmatória foi instrumento de castigo aplicado nas casas-grandes e senzalas, em escravos, assim como nas crianças, sendo um método pedagógico utilizado para moldar comportamentos e hábitos.





Escravo no pelourinho sendo açoitado. Gravura de Debret, 1835.

O açoite era a pena aplicada ao escravo, usava-se para isso do “bacalhau”, chicote feito com cabo de madeira e de cinco tiras de couro retorcidos ou com nós. Nas fazendas era utilizado para punir pequenas faltas ou acelerar o ritmo de trabalho, com algumas lambadas. Nos casos de delitos graves, o castigo era exemplar, sendo assistido pelos demais escravos. Era comum a surra-de-carro, no qual ficava o negro amarrado em um carro de boi, de bruços e braços abertos para receber as chicotadas.



Escravos no tronco. Debret, 1835.
As execuções oficiais eram feitas em praça pública, no pelourinho – coluna de pedra com argolas onde eram presos os escravos. Procurava-se fazer da punição um exemplo que intimidasse a escravaria.




O tronco. Acervo do Museu Imperial, Rio de Janeiro.

O tronco foi outro instrumento e tortura, consistia num grande retângulo de madeira dividido em duas partes entre as quais havia buracos destinados a prender a cabeça, os pulsos e os tornozelos do escravo. Preso, o escravo permanecia imóvel, indefeso aos ataques de insetos e ratos, em contato com sua urina e fezes, isolado num barracão, até o seu senhor resolver soltá-lo.

A mascara de flandres era usada para punição de furto de alimentos, alcoolismo, ingestão de terra, e, na mineração de diamantes, para impedir que os negros extraviassem as pedras, engolindo-as. A mascara podia cobrir todo o rosto ou apenas a boca, sendo fechada a cadeados por trás da cabeça.



Escravo com mascara de flandres. Debret, 1835.
Usados para prender, transportar, maltratar ou sujeitar os escravos, os instrumentos de ferro faziam parte do patrimônio das fazendas e das casas. Eram correntes, algemas, cadeados, grilhões, colares, tudo para garantir a submissão dos negros escravos pela tortura e degradação.



Os instrumentos de ferro de “castigos e penitências” usados para punir e submeter os escravos: algemas, palmatórias, gargalheiras (espécie de coleira presa ao pescoço do cativo), etc. Acervo do Museu Histórico Nacional, Rio de Janeiro.


Texto e Contexto
“Ver que os senhores têm cuidado de dar alguma coisa dos sobejos da mesa aos seus filhos pequenos, é causa de que os escravos os sirvam de boa vontade, e que se alegrem de lhes multiplicarem servos e servas. Pelo contrário, algumas escravas procuram de propósito aborto, para que não cheguem os filhos de suas entranhas a padecer o que elas padecem.”
(De André João Antonil. Cultura e opulência do Brasil, 1711.)




Rebeldia e Resistência negra no Brasil
A violência legal e sistematicamente utilizada pelo branco como meio de submeter o escravo, gerava o medo, mas também a revolta e formas de resistência por parte dos escravos submetidos a tais castigos cruéis. A reação do escravo assumiu várias formas.


O aborto foi freqüentemente provocado pelas escravas para não verem seus filhos na mesma situação degradante delas e também como meio de prejudicar o senhor, sempre interessado no aumento do número de crias.


Texto e Contexto
“O homem, porém, por mais abatido e rebaixado que seja em sua dignidade, em sua vontade e liberdade, pela prepotência de seu semelhante, tende sempre a sacudir o jugo. O livre promove as revoluções, transforma a sociedade, modifica a organização social. O escravo revolta-se parcialmente contra os senhores...”
(Perdigão Malheiro, A escravidão no Brasil, 1867.)


A reação pelo suicídio era uma forma do escravo em se libertar das condições subumanas em que vivia. O suicídio estava geralmente ligado a um momento de medo ou impasse em que o escravo se via indefeso diante da repressão do branco, sendo comum escravos se matarem após terem agredido ou matado um branco.


A rebeldia consistia a resposta do negro à violência do sistema escravista. Rebeldia está também respondida com violência pelos escravos. Eram comuns os casos em que feitores, senhores e seus familiares são estrangulados, asfixiados, esfaqueados ou simplesmente mortos a pancada pelos escravos.


O ódio do escravo era pelo senhor e pelo feitor, mas também por suas famílias, pois era um modo indireto de atingi-los. A freqüência de ataques e homicídios cometidos por escravos levou muitas vezes o governo brasileiro a promulgar leis duras, inclusive a pena de morte.




Texto e Contexto
“Serão punidos com pena de morte os escravos ou escravas, que matarem por qualquer maneira que seja, propinarem veneno, ferirem gravemente ou fizerem qualquer outra grave ofensa física, a seu senhor, a sua mulher, a descendentes ou ascendentes que em sua companhia morar, a administrador, feitor, e as suas mulheres que com eles viverem. Se o ferimento ou ofensa física forem leves, a pena será de açoites, a proporção das circunstâncias , mais ou menos agravantes.”
(Artigo 1°, da lei de 10 de junho de 1835, Governo Regencial.)




Escravos matam senhor. Desenho do século XIX, de Arago.



Os quilombos como espaço de resistência e liberdadeA forma de resistência escrava mais temida pelos senhores era a fuga seguida da formação de aldeamentos coletivos, os quilombos. A fuga era para o escravo a solução mais simples contra a violência da dominação branca. O trabalho compulsório e excessivo, as precárias condições de subsistência, a degradação e o controle constante a que estavam submetidos predispunham os escravos a evasão, facilitada pela grande extensão de terras sem ocupação efetiva no país.



Texto e Contexto
“Fugiu no dia 29 de junho passado uma preta de nação mina, ladina, bem falante, com os sinais seguintes: alta, magra, proporcionada, bonita, bem feita, e com bons dentes, levou camisa de algodão americano, vestido de riscadinho escuro, um lenço no pescoço e outro amarrado na cabeça, à maneira das pretas da Bahia, e um pano de riscado a costa com que se costuma embrulhar; ela anda pela cidade porque foi encontrada na rua do Ouvidor e no largo do Capim em companhia de uma outra preta mina que vende galinhas no largo do Capim e tem casa no Valongo, onde mora.”
(Diário do Rio de Janeiro, 16/07/1836.)

Muitos fugitivos iam para a cidade, onde eram empregados por outros senhores em serviços esporádicos, como se fossem escravos forros. O pequeno comércio ambulante era uma atividade que empregava esses escravos fugidos. Outros escravos fugidos eram capturados ou convencidos por outros negros para viverem em quilombos.

Anuncio da Fuga do escravo Fortunato. Rio de Janeiro, 18 de outubro de 1854.


Erguidos nas matas ou em áreas de difícil acesso que oferecessem segurança e meios naturais de sobrevivência, os quilombos eram o grande refúgio dos escravos que conseguiam escapar da opressão. Os quilombos também abrigavam negros forros, índios, mulatos e caboclos.




Texto e Contexto
“Os escravos pretos lá, Quando dão com maus senhores, Fogem, são salteadores, e Nossos contrários são. Entranham-se pelos matos, E como criam e plantam, Divertem-se, brincam e cantam, De nada têm precisão.
Vêm de noite aos arraiais, E com indústrias e tretas, Seduzem algumas pretas, Com promessas de casar. Eis que a notícia se espalha, Do crime e do desacato, Caem-lhe os capitães-do-mato, E destroem tudo enfim.”
(De Joaquim José Lisboa, 1806; In: REIS, João J; GOMES, Flavio. Liberdade por um fio – história dos quilombos no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1996. p. 164-65.)



Os quilombos surgiram e cresceram em desafio aberto à sociedade e à autoridade colonial. Para enfrentar a repressão, os escravos aquilombados precisaram recorrer à violência e à luta armada. Os negros dos quilombos faziam freqüentemente incursões para prover, através do roubo ou escambo, suas necessidades de alimentos, utensílios, armas e também para conseguir, pelo rapto ou persuasão, mais negros para o quilombo. Outros buscavam desenvolver até mesmo relações com as povoações próximas, estabelecendo com elas um comércio regular com troca de alimentos, animais e lenha por tecidos, utensílios e ferramentas.


No século XVII, a desorganização da colônia portuguesa no Brasil causada pelas invasões holandesas no Nordeste canavieiro facilitou as fugas dos negros, intensificadas a partir de 1630. O quilombo era a melhor alternativa de defesa e sobrevivência do negro escravo fugido.

Os quilombos surgiram em todas as áreas do território português. Em Minas Gerais era grande a concentração de quilombos no Alto São Francisco, o mais famoso dele chamava-se Ambrósio. No século XIX, no Rio de Janeiro, o mais conhecido quilombo foi o liderado pelo escravo Manoel Congo, em Vassouras. Na região norte, no Grão-Pará, os quilombos surgiram sobretudo a partir do século XVIII, espalhando-se pelo baixo amazonas (atual região de Oriximiná, Óbidos, Alenquer), no Tocantins, na Ilha do Marajó e, principalmente, a leste da capital Belém.



O Quilombo dos Palmares.

Entre todos os quilombos do período colonial, os maiores e mais afamados foram os da região de Palmares, no sul da capitania de Pernambuco (hoje, norte de Alagoas). O quilombo de Palmares surgiu por voltada de 1602. Em seus vários mocambos (aldeamentos), espalhados por uma área de 150 km, chegaram a reunir, segundo estimativas, mais de vinte mil pessoas.

No quilombo, os negros africanos procuraram se organizar de acordo com antigas regras tribais baseadas na autoridade local do chefe de cada um dos mocambos. Esses chefes estavam submetidos a Ganga-Zumba, em cujo mocambo se reuniam. Com a morte Ganga-Zumba, assumiu o poder em Palmares seu sobrinho, Zumbi.

Zumbi, líder negro de Palmares. Tela de Antônio Parreiras, Museu Antônio Parreiras, Niterói, RJ.

Tanto por pressão dos senhores de terra preocupados em recuperar seus escravos, quanto por interesse das autoridades, o quilombo de Palmares foi destruído em 1694 pelas tropas do pernambucano Bernardo Vieira de Melo e do bandeirante paulista Domingos Jorge Velho, após quase um século de guerras.

Os quilombos tornaram-se o símbolo de uma resistência ameaçadora para os grupos dominantes do Brasil e alvo permanente da repressão oficial, dando origem inclusive a leis violentas.




Texto e Contexto
“Eu El-Rei faço saber aos que este Alvará em forma de lei virem, que sendo-me presente, os insultos que no Brasil cometem os escravos fugidos, a que vulgarmente chama de calhambolas, passando a fazer o excesso de se juntar em quilombos... hei por bem que a todos os negros, que forem achados em quilombos, estando neles vulgarmente, se lhes ponha uma marca em uma espádua com a letra F... se quando se for executar esta pena for achado já com a mesma marca se lhe cortará uma orelha; tudo por simples mandado do Juiz de Fora... sem processo algum...”
(Alvará de 03 de março de 1741.)



Texto Complementar



Tráfico Negreiro
Quando a escravatura trazida de muitas partes aos portos marítimos da África, aí é segunda vez permutada por fazenda e gêneros a comerciantes que ali têm casa de negócio assentada para este fim.


Nesta situação, a economia se conserva por semanas, e por meses a escravatura, e é grande a quantidade que dela morre; de sorte que, descendo a Luanda em cada ano de dez a doze mil escravos, muitas vezes sucede que só chegam a ser transportados de seis a sete mil para o Brasil.


Em primeiro lugar, sendo metidos duzentos e trezentos escravos na coberta e na escotilha, lhes falta a respiração, porque nada mais tem por onde o ar se lhes possa comunicar, senão pela grade da escotilha, e por umas pequenas frestas.


Em segundo lugar, a escravatura embarcada tem curtíssima ração de água, e esta amornada pela ardência do clima.


Em terceiro lugar, são maltratados os escravos porque tem uma escassa ração de mantimentos pela maior parte de torna-viajem.
(Luís Antônio de Oliveira Mendes. Memória a respeito dos escravos e tráfico da escravatura entre a Costa d’África e o Brasil, 1793. In: INÁCIO, Inês; LUCCA, Tânia Regina de. Documentos do Brasil Colonial. São Paulo: Ática, 1993. pp. 70-73.)


Herança Cultural Negra e Racismo

A contribuição cultural de escravos-negros é enorme. Na religião, música, dança, alimentação, língua, temos a influência negra, apesar da repressão que sofreram as suas manifestações culturais mais cotidianas.




Influência religiosa

No campo religioso, a contribuição negra é inestimável, principalmente porque os africanos, ao invés de se isolarem, aprenderam a conviver com outros setores da sociedade.


Mas, nos primeiros séculos de sua existência no Brasil, os africanos não tiveram liberdade para praticar os seus cultos religiosos. No período colonial, a religião negra era vista como arte do Diabo; no Brasil-Império, como desordem pública e atentado contra a civilização.


A tolerância com os batuques religiosos, entretanto, devia-se à conveniência política: era mantida mais como um antídoto à ameaça que a sua proibição representava, do que por aceitação das diferenças culturais.


Outras manifestações culturais negras também foram alvo da repressão. Estão neste caso o samba, revira, capoeira e lundú negros.





O racismo

Na sociedade brasileira do século XIX, havia um ambiente favorável ao preconceito racial, dificultando enormemente a integração do negro. De fato, no Brasil republicano predominava o ideal de uma sociedade civilizada, que tinha como modelo a cultura européia, onde não havia a participação senão da raça branca. Este ideal, portanto, contribuía para a existência de um sentimento contrário aos negros, pardos, mestiços ou crioulos, sentimento este que se manifestava de várias formas: pela repressão às suas atividades culturais, pela restrição de acesso a certas profissões, as “profissões de branco” (profissionais liberais, por exemplo), também pela restrição de acesso a logradouros públicos, à moradia em áreas de brancos, à participação política, e muitas outras formas de rejeição ao negro.

Contra o preconceito e em defesa dos direitos civis e políticos da população afro-brasileira surgiram jornais, como A Voz da Raça, O Clarim da Alvorada; clubes sociais negros e, em especial, a Frente Negra Brasileira, que tendo sido criada em 1931, foi fechada em 1937 pelo Estado Novo.



O samba e a capoeira

Durante o período da revolução de 30, os próprios núcleos de cultura negra se movimentaram para ganhar espaço. A criação das escolas de samba no final dos anos vinte já representara um passo importante nessa direção. Elas, que durante a República Velha foram sistematicamente afastadas de participação do desfile oficial do carnaval carioca, dominado pelas grandes sociedades carnavalescas, terminaram sendo plenamente aceitas posteriormente.


No rastro do samba, a capoeira e as religiões afro-brasileiras também ganharam terreno. Antes considerada atividade de marginais, a capoeira seria alçada a autêntico esporte nacional, para o que muito contribuiu a atuação do baiano Mestre Bimba, criador da chamada capoeira regional. Tal como os sambistas alojaram o samba em “escolas”, Bimba abrigaria a capoeira em “academias”, que aos poucos passaram a ser freqüentadas pelos filhos da classe média baiana, inclusive muitos estudantes universitários.

Ouro no Brasil

Ciclo do Ouro

História do século do ouro, descoberta das minas, crescimento urbano, mudança da capital, taxas e impostos, quinto e derrama, revoltas populares

 

Introdução

No final do século XVII, as exportações de açúcar brasileiro (produzido nos engenhos do nordeste) começaram a diminuir. Isto ocorreu, pois a Holanda havia começado a produzir este produto nas ilhas da América Central. Com preços mais baixos e boa qualidade, o mercado consumidor europeu passou a dar preferência para o açúcar holandês.

Crise do açúcar e a descoberta das minas de ouro 

Esta crise no mercado de açúcar brasileiro, colocou Portugal numa situação de buscar novas fontes de renda, pois, como sabemos, os portugueses lucravam muito com taxas e impostos cobrados no Brasil. Foi neste contexto que os bandeirantes, no final do século XVII, começaram a encontrar minas de ouro em Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso. Portugal viu nesta atividade uma nova fonte de renda.

A descoberta de ouro no Brasil provocou uma verdadeira “corrida do ouro”, durante todo século XVIII (auge do ciclo do ouro). Brasileiros de todas as partes, e até mesmo portugueses, passaram a migrar para as regiões auríferas, buscando o enriquecimento rápido. Doce ilusão, pois a exploração de minas de ouro dependia de altos investimentos em mão-de-obra (escravos africanos), equipamentos e compra de terrenos. Somente os grandes proprietários rurais e grandes comerciantes conseguiram investir neste lucrativo mercado.

Cobrança de impostos 

A coroa portuguesa lucrava com a cobrança de taxas e impostos. Quem encontrava ouro na colônia deveria pagar o quinto. Este imposto era cobrado nas Casas de Fundição (órgão do governo português), que derretia o ouro, transformava-o em barras (com o selo da coroa portuguesa) e retirava 20% (um quinto) para ser enviado para Portugal. Este era o procedimento legal e exigido pela coroa portuguesa, porém, muitos sonegavam mesmo correndo riscos de prisão ou outras punições mais sérias como, por exemplo, o degredo.

Além do quinto, Portugal cobrava de cada região aurífera uma certa quantidade de ouro (aproximadamente 1000 kg anuais). Quando esta taxa não era paga, havia a execução da derrama. Neste caso, soldados entravam nas residências e retiravam os bens dos moradores até completar o valor devido. Esta cobrança gerou muito revolta entre a população.

Mudança da capital 

Com a exploração do ouro, a região Sudeste desenvolveu-se muito, enquanto o Nordeste começou a entrar em crise. Neste contexto, a coroa portuguesa resolveu mudar a capital da colônia de Salvador para o Rio de Janeiro. Desta forma, pretendia deixar a capital próxima ao novo pólo de desenvolvimento econômico.

Desenvolvimento das cidades

Nas regiões auríferas, várias cidades cresceram e muitas surgiram neste período. A vida nas cidades dinamizou-se, fazendo surgir novas profissões e aumentando as atividades comerciais, sociais e de trabalho. Teatros, escolas, igrejas e órgãos públicos foram criados nestas cidades. Vila Rica (atual Ouro Preto), Mariana, Tiradentes e São João Del Rei foram algumas das cidades que mais se desenvolveram nesta época.



Vila Rica (atual Ouro Preto): desenvolvimento no século do ouro.






Revoltas 

As cobranças excessivas de impostos, as punições e a fiscalização da coroa portuguesa provocaram reações na população. Várias revoltas ocorreram neste período. Podemos citar a Revolta de Felipe de Santos, que era contrário ao funcionamento das Casas de Fundição. A própria Inconfidência Mineira (1789) surgiu da insatisfação com as atitudes da metrópole. Liderados por Tiradentes, os inconfidentes planejavam tornar o Brasil independente de Portugal, livrando o país do controle metropolitano. Apesar de ter sido sufocada, a Inconfidência Mineira tornou-se o símbolo da resistência brasileira.

 

quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Revolta de Beckman - resumo, causas, o que foi, líderes.

O que foi

A Revolta de Beckman foi uma rebelião nativista ocorrida na cidade de São Luís (estado do Maranhão) em 1684.

Causas

Grande insatisfação dos comerciantes, proprietários rurais e população em geral com a Companhia de Comércio do Maranhão, instituída pela coroa portuguesa em 1682. 

Os comerciantes reclamavam do monopólio da Companhia.

Os proprietários rurais contestavam os preços pelos quais a Companhia pagava por seus produtos.

Já grande parte da população maranhense estava insatisfeita com a baixa qualidade e altos preços cobrados pelos produtos manufaturados comercializados pela Companhia na região. Outros produtos como trigo, bacalhau e vinho chegavam à região em quantidade insuficiente, demoravam para chegar e ainda vinham em péssimas condições para o consumo.

Havia também o problema de falta de mão-de-obra escrava na região. Os escravos fornecidos pela Companhia eram insuficientes para as necessidades dos proprietários rurais. Uma solução seria a escravização de indígenas, porém os jesuítas eram contrários. 

Objetivo principal:

Finalizar as atividades da Companhia de Comércio do Maranhão, para acabar com o monopólio.

Como ocorreu

Na noite de 24 de fevereiro de 1684, os irmãos Manuel e Tomás Beckman, dois proprietários rurais da região, com o apoio de comerciantes, invadiram e saquearam um depósito da Companhia de Comércio do Maranhão. Os revoltosos também expulsaram os jesuítas da região e tiraram do poder o governador.

Reação de Portugal

A corte portuguesa enviou ao Maranhão um novo governador para acabar com a revolta e colocar ordem na região.
Os revoltosos foram presos e julgados. Os irmãos Beckman e Jorge Sampaio foram condenados a forca.

Conclusão

A Revolta de Beckman foi mais um movimento nativista que mostra os conflitos de interesses entre os colonos e a metrópole. Foi uma revolta que mostrou os problemas de mão-de-obra e abastecimento na região do Maranhão. As ações da coroa portuguesa, que claramente favoreciam Portugal e prejudicava os interesses dos brasileiros, foram, muitas vezes, motivos de reações violentas dos colonos. Geralmente eram reprimidas com violência, pois a coroa não abria mão da ordem e obediência em sua principal colônia.