Narra-se que Licurgo, um extraordinário orador ateniense, aluno de Platão, recebeu, oportunamente, um convite para falar sobre a educação.
Depois de pensar muito, ele pediu 6 meses para preparar o tema.
Após 6 meses, no imenso anfiteatro de Atenas, Licurgo apresentou-se, levando algumas jaulas, nas quais estavam dois cães e duas pequenas lebres.
Antes de emitir qualquer conceito, o admirável filósofo, abriu uma das jaulas e libertou uma lebre. Logo após, abriu outra jaula e libertou um cão. O cão, desesperado, saiu em desabalada correria e, caçando a lebre, surpreendeu-a estraçalhando-a, diante da multidão comovida.
Ainda não havia terminado o impacto perturbador, quando Licurgo abriu uma jaula e libertou outra lebre; abriu mais uma e libertou outro cão.
Dominado pela cena grotesca de antes, as pessoas aguardavam que se repetisse a cena deprimente. Para surpresa geral, o cão acercou-se da lebre e começou a brincar, com solidariedade. A pequenina lebre também, por sua vez, acercou-se do animal e começou a lamber-lhe as patas e, como dois amigos, estiveram deitando e rolando no solo . . .
Ante a emoção que tomou conta de todos, Licurgo começou a sua oratória, dizendo:
“Os dois cães são da mesma raça, tem a mesma idade, receberam a mesma alimentação. A diferença entre o primeiro e o segundo, é que o último foi educado, e o primeiro não.”